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Após titulo nacional de kickboxing, Geisa Magalhães celebra vitória contra o preconceito

No dia 8 deste mês, a soteropolitana Geisa Magalhães, 23, se tornou campeã brasileira de kickboxing ao bater a sergipana Kaká Naja, em Aracaju, pela categoria até 52 kg da modalidade. A soteropolitana, invicta no profissional, celebrou a conquista do cinturão e se diz realizada por conseguir quebrar a barreira do preconceito dos patrocinadores por ser mulher num ambiente essencialmente masculino.

“É muito bom, na verdade. Até pelo fato de não ter apoio e por eu ser mulher, tenho muito menos ainda. Acredito e espero que isso tudo melhore. O maior apoio é do meu mestre mesmo”, avaliou, em entrevista ao Bahia Notícias.

Apesar de haver uma resistência à figura feminina, ela crê que, dentro do esporte, o ambiente é mais aconchegante para as mulheres. “Dentro do esporte eu não tive esse problema de sofrer preconceito. Falo no meio dos atletas. Mas, fora, sim. Algumas pessoas, quando você vai pedir apoio, não acreditam. ‘Ah, é mulher!’. Então, não acreditam. Outras pessoas no convívio... No trabalho, escola ou faculdade, acham que não vai dar certo”, conta.

A luta que culminou no título da baiana, no entanto, por pouco não aconteceu. Na primeira oportunidade, Kaká Naja passou mal e, por conta disso, o combate foi adiado. Meses depois, quando enfim houve o encontro, a sergipana passou mal novamente, desta vez no segundo round da luta, o que rendeu o cinturão a Geisa.

Ela conheceu o mundo das lutas ainda pequena. "Como todo baiano", como ela mesmo define, as rodas de capoeira foram sua primeira escola. Com o passar dos anos, Geisa experimentou judô, jiu-jitsu e karatê, modalidade na qual ela se sagrou campeã brasileira em 2012 e 2014.

Agora, no kickboxing, ela ostenta uma invencibilidade. Foram sete lutas e sete vitórias. De acordo com Marcos Araújo, treinador da atleta, o principal objetivo é alçá-la a nível internacional para garantir o cinturão mundial. “A nossa preparação é para ela se manter. Aqui é um cinturão, não o cinturão. Não é o último. É uma escada. Aqui a gente ganhou, mas vamos atrás de outra coisa. Temos que nos manter num nível muito alto de treinamento”, projeta.
Agora, o intuito é valorizar o passe de Geisa. Segundo Araújo, quem quiser desafiar o cinturão com ela terá que “coçar o bolso”. “O cinturão agora é dela. Eu vou dizer quanto irão pagar para lutar com ela. No mínimo R$ 3 mil com tudo pago. Claro que o cinturão fará com que ela tenha mais apoio. Mas eu quero que isso seja uma constante”, garante.

Segundo o técnico, essa exigência vem por conta das dificuldades que Geisa e os atletas da equipe Demolição, localizada no Caminho de Areia, enfrentam. Na academia, a prioridade é sempre dos atletas. Os professores procuram apoio e, numa dessas tentativas, o cantor Thierry, aluno de Araújo, também acabou ajudando. “A gente dá os subsídios. Eu sou patrocinado pela Bad Boy. Eu consigo um par de luva, dou a ela e falo para rifar. Vamos juntando”, ressalta.

Como não consegue tirar sustento das lutas, Geisa precisa trabalhar em outro local e, nos horários vagos, agencia seu tempo para os treinos. "Aí vai muito do querer. De querer buscar e treinar. Às vezes tem horários muito tarde e muito cedo. Eu estava no domingo treinando bem cedo...”, exemplifica.

Geisa tem algumas referências no esporte. Pelo lado pessoal, ela coloca seus mestres à frente. Ela tem também os lutadores de MMA José Aldo e Amanda Nunes como atletas em que ela se espelha, além dos atletas de kickboxing Micheletti e Jeniffer Ferraz.

Na contramão da moda brasileira de acompanhar o MMA, ela também revela não ter vontade de lutar nos octógonos, apesar de já ter tido luta marcada no esporte. O que ela comemora mesmo é o fato de, no mundo das lutas, as mulheres já estarem mais presentes. Ela comemora a quebra de tabu no próprio ambiente feminino, que passou a frequentar os tatames. “Antes as mulheres ficavam com medo. Porque não há só a parte do preconceito. Antes, as mulheres chegavam para treinar e os homens já ficavam assustados. Hoje em dia está melhor isso”, conclui.

*Bahia Notícias

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