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Capital registra 11 furtos e roubos a canteiros de obras da prefeitura

Na tarde do dia 22 de junho, funcionários de uma empresa de construção civil faziam um serviço terceirizado para a prefeitura de Salvador: o reparo em uma escadaria na Rua Coronel Maurino, nos Barris. De repente, dois bandidos chegam armados com pistolas e roubam os celulares dos trabalhadores.

Pertences pessoais como telefones, relógios e tênis não são o único alvo dos bandidos, mas também equipamentos de manutenção como pás, tubos, tijolos, tapumes, marteletes, areia e até grama. O problema é que, enquanto o equipamento de trabalho é reposto, os pertences roubados não são.

Roubos a ferramentas e a materiais de construção não são um caso isolado em Salvador. De dezembro de 2016 até o final de junho deste ano, foram 11 furtos e roubos em canteiros de obras da prefeitura na capital. Embora os furtos sejam mais comuns e representem até 80% das ocorrências relativas a obras de manutenção realizadas pela gestão municipal, esses casos têm chamado a atenção porque até os pertences pessoais dos operários têm sido levados.

Foram quatro crimes no bairro da Fazenda Grande, dois nas margens da Avenida Barros Reis, dois na Liberdade e um na Baixa de Quintas. Desses assaltos, dez aconteceram em obras de escadaria e uma durante uma troca de rede.

“As escadarias têm sido mais visadas, porque não têm muita visibilidade, ficam em locais mais fechados, isolados”, acredita o secretário de Manutenção de Salvador, Marcílio Bastos.

MedoOs trabalhadores andam assustados com a violência. As vítimas dos assaltos neste ano se recusaram a falar com a reportagem do CORREIO, com medo de represálias dos bandidos. Até mesmo quem representa a categoria, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção e da Madeira no Estado, não se pronunciou sobre o assunto.

A reportagem conversou com trabalhadores que preferiram não se identificar. Apesar de não terem sido assaltados recentemente, eles admitem que sentem medo no dia a dia, especialmente quando estão trabalhando em comunidades dominadas pelo tráfico de drogas.

“Quando tem tiroteio, é pei, pei, pei [reproduz o barulho de tiros]. A gente se joga no chão, larga colher, material, tudo. O importante é a nossa vida”, disse o operário. Ele conta alguns casos que ocorreram com colegas: “Em Tancredo Neves levaram a sacola dos caras com tudo. Outro dia, na Boca do Rio, o ladrão meteu o ‘oitão’ [revólver calibre 38] no encarregado e levou dois sacos de cimento”, diz o operário. “Há mais de um ano, no Largo do Tanque, levaram tudo: bota, farda, colher... Foram os ‘sacizeiros’ [usuários de crack]”, lembra ele.

O funcionário explica que o fato de trabalharem ao ar livre faz com que eles fiquem mais expostos. Quando a área da obra é cercada de tapumes, eles afirmam que se sentem mais seguros. Mas até os tapumes são alvos de furtos por bandidos. “A gente chama por Deus e pede proteção”, resumiu ele.

AtrasoCada assalto resulta, em média, em uma paralisação das obras de 15 dias. Os funcionários são liberados para fazer o boletim de ocorrência e, caso seja necessário, tirar uma segunda via de documentos pessoais.

“Isso mexe com o psicológico dos operários. Eles não querem voltar para a obra. Às vezes, tem que relocar a equipe de outro canto”, explica o secretário Marcílio Bastos.

Em Fazenda Grande - onde se registrou o maior número de ocorrências -, o delegado Nilton Tormes, titular da 4ª Delegacia (São Caetano), disse que as vítimas não fizeram queixa, mas que é importante fazer esse registro, para que a Polícia Militar possa atuar no policiamento.


*Correio da Bahia

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