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Após cometer racismo, dentista ganha liberdade provisória


A dentista Heloisa Onaga Kawachiya, flagrada cometendo crime de racismo no sábado (6), numa delicatessen da Pituba, teve a liberdade provisória concedida neste domingo (7). Segundo a juíza Luciana Amorim Hora, a ré é primária e não apresenta antecedentes criminais. Luciana acrescenta que "a flagranteada padece de transtorno mental de natureza incurável".

A liberdade provisória, porém, está vinculada a algumas exigências: Heloisa deverá comparecer perante a autoridade todas as vezes que for intimada para atos do inquérito; a ré não poderá mudar de residência sem permissão judicial nem ausentar-se por mais de 30 dias de sua residência sem comunicar a Justiça; Heloisa deverá apresentar em 60 dias um relatório psiquiátrico sobre sua sanidade mental.

Heloisa foi presa no sábado (6), ao se recusar a ser atendida por funcionários negros na Delicatessen Bonjour, na Rua São Paulo, na Pituba. A dentista havia passado a noite sob custódia. 

Humilhação
Segundo Daniel Pereira da Silva, 23 anos, que trabalha no estabelecimento há três anos, o fato se repetiu algumas vezes ao longo dos últimos seis meses, mas, desta vez, após uma outra cliente se revoltar com a atitude de Heloísa, o gerente da delicatessen, Paulo Sérgio, chamou a polícia. “Nunca tratamos ela de forma diferente. Ela dizia que não queria ser atendida por ‘pretos’, não queria que tocássemos nos talheres dela. Me senti realmente humilhado, pois acho que nenhum ser humano deve ser tratado dessa maneira”, reclamou.

Já Ubiratan Santos Souza, 22, outro funcionário do local, relatou que a cliente só aceitava ser atendida por pessoas de pele clara. “Sempre que nos aproximávamos, ela virava as costas, fazia de conta que não tinha ninguém ali falando com ela. Se um colega de cor mais clara se aproximasse, ela aceitava o atendimento. Dessa vez foi necessário uma outra cliente se revoltar com a atitude dela para que a polícia fosse chamada”.

Diante da insistência de Heloisa em não ser atendida por negros, Paulo Sérgio decidiu chamar a polícia. “Ela falou para os funcionários que não era para encostar nela. Eu expliquei que ela estava desrespeitando, que tinha passado dos limites, e disse que ia chamar a polícia", disse Paulo Sérgio.

O chamado policial foi atendido por um grupamento que precisou conter a fuga da agressora, e durante a tentativa de condução à delegacia, um sargento da PM, que preferiu não se identificar, foi ignorado por ser negro. “Todas as vezes que tentava conversar, ela subia o vidro do carro, daí quando um colega de pele clara se aproximava e fazia uma tentativa de diálogo, ela aceitava”, relatou o PM.

A assessoria da empresa da Bonjour divulgou nota repudiando a atitude da dentista. “Reforçamos nossa extrema ojeriza a qualquer tipo de atitude preconceituosa. Há mais de 10 anos, desde a sua inauguração, que o staff da Bonjour é formado, em sua grande maioria, de trabalhadores negros - dos quais a Bonjour tem muito orgulho em tê-los em sua equipe. Repudiamos a atitude e esperamos que a mesma não se repita: seja ela em qualquer outra circunstância”, disse o comunicado.



*IBahia

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