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Infectologista alerta para risco de infecções no Carnaval

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) estão entre os problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo. Além disso, nos últimos anos, os casos de sífilis, HIV, clamídia, HPV, entre outros, têm aumentado no Brasil. Na Bahia, por exemplo, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado, em 2018, foram notificados 4.460 (37,8%) casos de sífilis em homens e 7.350 (62,2%) em mulheres e, de acordo com dados preliminares, foram registradas 2322 novas ocorrências de HIV.

Em meio a este cenário, A Dra. Carolina Lázari, assessora médica em infectologia do Grupo Fleury, detentora da Diagnoson a+ na Bahia, alerta para o cuidado redobrado durante o Carnaval, quando, em meio à folia dos blocos e ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas, há quem acabe se descuidando da proteção durante a relação sexual.

Além do risco das ISTs, é importante lembrar que o beijo também pode ser uma porta de entrada para agentes de doenças infecciosas, como herpes, sífilis e mononucleose. “Por isso o cuidado na hora de beijar é fundamental”, alerta a médica, que esclarece, a seguir, as dúvidas mais comuns.

É possível contrair uma infecção sexualmente transmissível (IST) pelo beijo? Quais?

Sim. Sífilis e herpes simples do tipo 1.

Sífilis
A sífilis pode ser transmitida pelo beijo se a outra pessoa estiver infectada e com uma lesão ativa na boca. A forma mais comum de contágio, no entanto, é a sexual. Nesse caso, não é necessário que ocorra penetração ou ejaculação, o contato entre mucosas durante preliminares ou durante o sexo oral possibilitam a transmissão. A doença é causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum e pode se manifestar em diferentes partes do corpo, de uma a duas semanas após o contágio.

Herpes
Mesmo que o parceiro do beijo não tenha feridas ou indício de herpes, ele pode ter o vírus causador da doença e transmiti-lo. Depois do contágio, o vírus permanece no indivíduo por longos períodos, e pode se manifestar anos mais tarde, de maneira recorrente, geralmente durante fases em que estiver com a imunidade baixa. O herpes pode aparecer como pequenas bolhas na boca, no nariz ou até mesmo em outras partes do corpo.

Há risco de transmissão com a prática de sexo oral?

Sim. A sífilis pode ser transmitida via sexo oral, além do herpes simples e do HPV.

Herpes só passa quando um dos parceiros está com feridas?

Não. O vírus herpes simples pode ser transmitido mesmo na fase entre as crises, quando não há feridas. Por essa razão, o cuidado tem de ser contínuo, ainda que o paciente-fonte não tenha lesões aparentes naquele momento.

Sexo anal amplia o risco de contrair ISTs?

Sim, pode aumentar. Como nessas situações, habitualmente, a lubrificação é muito menor, o risco de transmissão aumenta. A utilização de lubrificantes artificiais não necessariamente reduz esse risco, devido ao tipo de mucosa que reveste o canal anal, mais suscetível à invasão por esses agentes infecciosos. O uso de preservativo é a única forma de garantir a proteção.

O uso de preservativo diminui em 100% o risco de contaminação dessas doenças?

Não, mas reduz substancialmente. A data de validade e as instruções de uso devem ser atentamente seguidas, para evitar que o preservativo se rompa ou que haja vazamentos. Seu uso deve ser fortemente estimulado, pois é um dos métodos mais efetivos para a prevenção da transmissão de todas as ISTs, inclusive do HIV.

Quais são os outros riscos que o beijo na boca pode oferecer?

Embora não seja classicamente considerada uma IST, é importante mencionar que a mononucleose, também conhecida como “doença do beijo”, é uma doença viral que tem uma característica curiosa: depois que a pessoa adquire essa infecção, nunca mais se livra completamente do vírus. Ele fica “morando” na garganta ou nas amígdalas do indivíduo que, periodicamente, o elimina na saliva. E caso você entre em contato com uma pessoa que o esteja eliminando, ainda que não tenha sintomas naquele momento, poderá adquirir a infecção, se ainda não a teve. Até mesmo uma criança pequena pode pegar a doença se entrar em contato com uma gotícula da saliva do adulto ou outra criança que esteja em fase de transmissão do vírus.

Quais são seus principais sintomas?

Adolescentes e adultos jovens, na faixa de 15 a 25 anos, costumam apresentar sintomas como febre, dor de garganta e aumento de linfonodos – popularmente conhecidos como gânglios ou ínguas – na região do pescoço. Podem aparecer também manchas vermelhas pelo corpo, além de aumento do fígado e do baço. Esses sintomas podem durar de duas a três semanas. É uma doença prolongada. Nos mais jovens, as manifestações são mais leves, enquanto nos mais velhos costumam ser mais intensas.

Como é o tratamento?

Os beijoqueiros devem ser cautelosos. Caso possuam feridas ou qualquer tipo de sangramento na boca é melhor não beijar ninguém ou, pelo menos, evitar beijar muitas pessoas durante o carnaval, até porque não existe um remédio específico para mononucleose. Portanto, são tratados apenas os sintomas. É indicado o repouso, porque o indivíduo sente fadiga e indisposição. O repouso é fundamental nos casos em que ocorre grande aumento do baço porque, em situações extremas, como, por exemplo, de uma batida, ele pode se romper. São casos raros, mas quando acontecem são muito graves, o que justifica a precaução.

É possível pegar Aids ou outras ISTs ao sentar em sanitários públicos, dividindo o mesmo copo ou abraçando?

Embora esse seja um dos maiores mitos da história das infecções sexualmente transmissíveis, não se transmite sífilis, gonorreia, clamídia ou ainda herpes simples pelo contato social corriqueiro. Entretanto, a sífilis, o herpes genital e o HPV podem ser adquiridos pelo contato sexual ainda que não seja completo. “Brincadeiras sexuais” que não envolvam o coito propriamente dito, mas que permitam o contato entre mucosas, ou mesmo a utilização de objetos e das mãos, podem carregar os agentes infecciosos de uma pessoa para outra, mesmo que de forma menos eficiente.


*Informe Baiano

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