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Confira dicas de especialistas para você lidar bem com a sua sogra

Hoje em dia, existe tutorial para tudo no YouTube. Quer aprender como usar sua máquina fotográfica nova? Tem um vídeo explicando o passo a passo lá. Quer dica de como avançar da fase 4327 do jogo Candy Crush? Também. Usar o Excel, resetar seu celular de fábrica ou fazer pipoca colorida? Sim, sim, sim.

Pois entramos no clima do Dia da Sogra – celebrado neste domingo (28) – e buscamos tutoriais relacionados com o tema. E não é que existe?

Um dos vídeos é protagonizado pela youtuber Maanuh Scotá, baiana de Teixeira de Freitas e moradora de Vitória, no Espírito Santo. De forma muito bem humorada, ela explica que a ideia do conteúdo, intitulado ‘Como se Dar Bem Com a Sua Sogra’, veio a pedido dos seguidores.

“Mas vocês me pedem para falar mal das bichinhas. Só que eu vim tentar apaziguar as coisas, porque falar mal de sogra todo mundo já sabe. Então estou aqui hoje para fazer as coisas darem certo”, fala.

E será que a relação com a dita cuja pode chegar a ser tão ruim assim - que necessite um tutorial de YouTube? Para o publicitário Roberval*, nem o vídeo salva. Na visão dele, a única coisa boa sobre a mãe de sua esposa é que ela mora bem longe – a mais de 500 quilômetros de distância. Mas quando ela visita... aí ele sai de casa e passa o máximo de tempo possível bem longe da sua própria residência.

O motivo? “Ela chegou a falar mal de mim, com mentiras, para toda a família. Criou uma gigantesca cadeia de difamação com todos que são próximos”, conta.

A perseguição, segundo ele, começou há mais de uma década. “Eu e Maria* começamos a namorar ainda na adolescência, mas tínhamos planos diferentes e acabamos o relacionamento. Na época, triste, ela foi desabafar com a mãe, que guardou ranço. Anos depois, nos reencontramos, voltamos a ficar juntos e casamos. Mas o ranço da mãe dela nunca passou. Quando reparei, todo mundo já me odiava”, lembra.

A autônoma Larissa* compartilha do sentimento de Roberval. “Eu evito ao máximo encontrar minha sogra. Passo semanas sem ir na casa dela e, quando vou, é coisa rápida. Só a tolero por conta do meu marido e meu sobrinho”, fala. “Ela é muito interesseira e fofoqueira. Quando nos vemos, eu a trato a depender da abordagem dela. Se for cobrando algo, sou muito fria. Se for falando normal, aí eu a trato bem, mas sem muita conversa”.

Começando do início
Como resolver essa relação ruim com a sogra? De acordo com Rui Diamantino, psicólogo e professor da Unifacs, o ideal é já começar a pensar nesse relacionamento desde cedo.

“A sogra só terá tanto poder o quanto o casal permitir. Muitas vezes, ela é convidada a ter esse papel intrusivo no relacionamento alheio, ainda que isso não seja percebido pelo filho/filha e nora/genro. Por exemplo, quando o casal pede que ela cuide de um neto – isso pode abrir brecha para que ela comente sobre os cuidados daquela criança, a alimentação...”.

Por isso, segundo o profissional, é preciso deixar claro, antes, o quanto ela poderá entrar na vida do casal. “Dê limites, para que isso não vire um problema futuro. Teve um conflito? Então sentem e resolvam – o melhor é que se entendam logo. Sem diálogo, essa mãe continuará sendo um disparador de conflito”.

Outra dica, dada por Patrícia Caldeira, psicóloga, mestre em Psicologia da Família e professora do curso na FTC, é se colocar no lugar da sogra. “Tente entender o lado dela como mãe. Tanto o lugar de esposa/marido como o lugar de mãe estão reservados – e não dá para disputar posições, há espaço para todos. Se isso está acontecendo, então há um problema. Esses papeis não podem se transpor”.

Ainda de acordo com Patrícia, essa ‘ocupação’ do lugar alheio vem principalmente na relação sogra-nora. “Muitas mulheres são mais abertas com o genro do que com a nora. Isso acontece pois vivemos em uma cultura machista, que põe mulheres umas contra as outras, deixando que o homem reine só”.

Diamantino também vê essa diferença, tradicionalmente, entre o tratamento com uma nora e com um genro.

“A relação com a esposa do filho tende a ser mais complicada pois a mãe vê seu herdeiro como uma posse. É por isso que pode vir essa situação de fofoca (como a citada por Larissa). Fofoca nada mais é que a tentativa de diminuir a figura da outra e de satisfazer a quem está falando mal. No caso do relacionamento com um genro, a rivalidade é no sentido de amparo da filha/esposa: os dois querem ser os responsáveis pela proteção daquela mulher”.

Nem tudo está perdido
Professora de educação física, Telma Teodora já teve uma relação conturbada com a sogra. “Quando eu namorava o filho dela, ele engravidou outra – mas continuou comigo e casamos. Só que ela não me aceitou e não foi nem ao nosso casamento. Ainda assim, tentava agradá-la, conhecê-la, ajudar nossa relação com meu jeitinho de ser. Até que, um dia, ela pegou amizade com a minha mãe e passou a ser mais tranquila comigo. Antes dela falecer, era eu quem ficava no hospital com ela, fazendo companhia”, recorda.

Há também quem nunca precisou de uma melhora nesse relacionamento – ao contrário, que conseguiu sempre ter uma ótima relação com sua sogra. É o caso do cantor Durval Lelys, que considera a mãe de sua esposa, Thiara Tavares, como seu ‘anjo da guarda’.

“Eu paquerava Thiara durante muitos anos. Mas quem realmente foi a ponte desse encontro foi minha sogrinha. Eu tinha o telefone da casa dela e ligava muito para ela, perguntando como estava Thiara, se estava bem... E pedia para avisar que eu estava sempre aqui, à espera de um encontro. Meu cupido foi a mãe dela, dona Antônia Venâncio. Desde o início, ela tem sido a liga da nossa relação, tendo só contribuído com ela”.

A recíproca também acontece. “Durval é um genro muito legal, engraçado, família... Nós estamos sempre juntos, brincando. É uma pessoa tão aberta, amigo, fantástico! Eu sou suspeita para falar”. A parceria é tão grande que a família até mora no mesmo prédio e vai à academia junta – acompanhada também do sogro de Durval, Osvaldo.

Outra sogra que ama realizar atividades com a nora é Aninha Marques, esposa do cantor Bell Marques. “Ter mais uma mulher alegra a casa. Hoje, tenho só uma nora, Pati (Guerra, namorada de Rafa). Nós fazemos compras juntas, malhação”, diz.

Mãe também de Pipo, Aninha afirma que sempre teve uma ótima relação com as amadas dos filhos. “Botei filho no mundo para a vida. Ele ter seu próprio rumo é natural. Se meus filhos estão felizes, nós, os pais, também estamos”, garante.

Pati concorda. “A primeira vez que fui conhecê-los, pensei: ‘e agora?’. Mas foi tudo calmo, eles foram muito receptivos. Desde então, viraram minha família em Salvador – a minha mora no Oeste da Bahia. Aninha é uma verdadeira mãezona”.

Quem fica feliz com tudo isso, claro, é Rafa. “É ótimo, elas realmente se fazem companhia quando eu, Pipo e meu pai estamos viajando para shows. Nunca me preocupei em apresentar ninguém, pois sei que meus pais são realmente tranquilos”.

No caso do publicitário e poeta Marcelo Caettano, a relação com a sogra virou até livro – Como Educar a sua Sogra. “Eu sempre tive vontade de escrever um texto de humor. Um dia, botei na cabeça que faria um livro – só não sabia ainda o tema. Eis que, em uma conversa com um amigo, pensei na ideia de sogra. É uma utilidade pública (risos), uma homenagem, de um jeito meio torto”.

A obra traz 10 regras básicas de convivência – como ‘sogra não é confessionário’, em que indica “nunca, jamais, em hipótese alguma, sob nenhuma circunstância” contar um segredo a ela. Além disso, possui também histórias de algumas personalidades da Bahia, sempre no tema. Entre elas, sua própria sogra, Iêda Almeida.

“Quando contei da ideia para ela, torceu o nariz de início. Mas, quando peguei seu depoimento, ela riu, viu que era brincadeira e participou. Ela é ótima – já que mora em Jaguaquara, no Sudoeste (risos). Nos encontramos muito e 60% do tempo que ela está aqui, fica na nossa casa”, conta.

Presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro é outra personalidade que tem um texto na obra. Mas, para sua sogra atual, é só elogios. “Dona Cecília, apesar da distância geográfica - ela mora em São Paulo -, é muito presente. Está sempre por perto, apoiando nossas decisões e torcendo para que nossos planos se realizem. Alexandre carrega dela o caráter exemplar e uma vocação para ajudar todos a sua volta. Cecília é uma mãezona para o casal”, elogia.

Dona Cecília retribui o carinho. “Quando gosto de uma pessoa, não gosto só por gostar. Admiro, tenho carinho e afeto. De quem estou falando? De Guerreiro”.



*Correio da Bahia




















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