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Salgou: preço do quiabo dobra e tem maior alta entre itens do caruru

Todo ano é a mesma coisa: basta se aproximar o dia 27 de setembro, data de São Cosme e Damião e dos ibejis, que os ingredientes do caruru ficam mais caros. Quem comprou quiabo na semana passada, por exemplo, pagou R$ 8 por 100 deles. Nesta semana, o valor quase dobrou e já chega a R$ 15 - em 2018, nesta mesma época, era possível encontrar o cento por R$ 7. Já o camarão mais comum nas receitas ainda não mudou de preço, mas pode ter alta daqui para a sexta-feira, alertam os vendedores. 

Os anos de experiências nessa tradição de servir caruru trouxe um aprendizado para o babalorixá Fagner de Odé, da casa Ilé Asé Omim Sidã Fìbôdeã. Para garantir a economia, ele se antecipou e garantiu alguns itens já em agosto.

“Compramos logo os produtos que não estragam, os grãos e o camarão. Deixamos para agora só o quiabo, cebola e outros itens como abóbora, inhame, cana”, enumera. No ano passado, ele conseguiu comprar a saca de quiabo por R$ 80, mas nesta segunda-feira (23) os valores encontrados na Ceasa já variavam de R$ 100 a R$ 120. Salgou. 

Quem também precisou usar uma estratégia para manter o costume de Cosme e Damião sem pesar tanto no bolso foi Silvia Costa, 49. Ela, que é católica e oferece o caruru há 22 anos, já chegou a ter 3 mil convidados em tempos áureos, mas precisou reduzir para 500 e, nesta edição, serão somente 150.

“Com a crise, tivemos que ir fazendo um evento menor. Nosso coração queria convidar três mil pessoas de novo, mas não temos como”, lamenta ela, que começou o costume no início do relacionamento com o marido, Paulo de Tarso, aniversariante do mesmo dia dos santos gêmeos. 

Para o caruru deste ano, o casal saiu às ruas para fazer orçamento e conseguir o melhor preço. “O camarão nós encontramos mais barato no final de linha da Boca do Rio, estava entre R$ 30 e R$ 35. Já as pencas de banana e o cento de quiabo já tem uns anos que compramos na Ceasa de Simões Filho porque, mesmo tendo que ir até lá, ainda fica mais barato”, dá a dica. Segundo o boletim de preços do centro de abastecimento, o cento de banana da terra está saindo entre R$ 45 e R$ 50.

Alta de preço
Produtor de quiabo na região de Jaguaquara, no sudoeste baiano, Paulo Cézar Bernardino diz que a alta do preço tem relação com as festividades, mas o fato climático também tem influência.

“A diferença foi o tempo frio, choveu bastante esse ano. Como o quiabo precisa de luminosidade para crescer, não chegamos a ter uma boa produtividade. Eu, por exemplo, deixei de produzir cerca de 25% do ano passado para esse”, conta. 

Mas os preços mais altos não são exclusividade do quiabo. O camarão também deve inflacionar. No box Comercial Vasco, na Feira de São Joaquim, os preços variavam entre R$ 18, R$ 30 e R$ 36, a depender do tipo. Mas se preparem: segundo Seu Pingo, proprietário do espaço, os produtores do marisco já avisaram que até sexta o valor do quilo sofrerá alterações.

Os preços, claro, serão repassados para os clientes e ele estima um aumento de R$ 4. “O camarão que está custando R$ 18 deve subir para R$ 22 e o de R$ 36 vai para R$ 40”, afirma. Na Ceasa, o preço do camarão médio seco está entre R$ 35 e R$ 37.

Apesar dos preços mais altos, nem todas as notícias são ruins. De acordo com Seu Domingos de Jesus, que tem uma barraquinha na Feira de Sete Portas, os valores da cebola e do tomate baixaram na última semana. “Eu gosto mais quando está caro, porque a procura é maior. Quanto está barato, é aquele ditado: gato e cachorro vende”, brinca.

Conforme relatório de preços da Ceasa, na última sexta-feira (20), o saco com 20 kg da cebola branca custava R$ 48. Nesta segunda, foi possível encontrar a mesma quantidade por preços que variavam de R$ 30 a R$ 40. 

Em matéria publicada pelo CORREIO no ano passado, os custos dos produtos eram: Amendoim de R$ 6,5 a R$ 11 (kg); Azeite de dendê a R$ 5 (litro); Camarão entre R$ 37 e R$ 43 (kg); Castanha de R$ 34 a R$ 42,5 (kg); Cebola variando de R$ 1 a R$ 4 (kg); Feijão fradinho de R$ 2,2 a R$ 4,5 (kg); Gengibre entre R$ 7 e R$ 11 (kg) e Quiabo a R$ 7 (cento).

Faça as contas
Tendo como base receitas para 20 e 50 convidados fornecidas pela baiana de acarajé Ana Cássia, da Barraca da Tânia no Farol da Barra, fizemos dois orçamentos para ajudar a ter uma noção média dos gastos. Usando os valores referenciais mais baixos da tabela, calcula-se um custo básico de R$ 141,38 no caruru para até 20 pessoas e de R$ 215,17 para 50 pessoas.

Há também a opção de dispensar a trabalheira e encomendar a iguaria com valores entre R$ 15 e R$ 22 por prato. Quem preferir o serviço pode recorrer às duas profissionais recomendadas pela Associação de Baianas de Acarajé (Abam). Uma delas é Meire Oliveira, de Brotas, que atenderá demandas com até dois dias de antecedência. Com todos os ingredientes comprados por ela, cada prato sai a R$ 15. Dessa maneira, um caruru para 20 convidados fica em torno de R$ 300. O ponto comercial dela fica na Av. Dom João VI, nº 487 e o cliente também pode contatar pelo telefone (71) 98628 4838. 

A segunda opção é a própria Ana Cássia, que cobra R$ 22 por prato, também com todos os itens custeados por ela. O serviço inclui o frete até a casa do cliente e ela também permanece no evento para servir o pessoal. Para falar com ela, o telefone é o (71) 98714-0798. 

Veja os preços
O CORREIO percorreu algumas feiras e supermercados de Salvador para pesquisar os preços dos principais ingredientes usados nas receitas das comidas baianas, como caruru, vatapá e feijão fradinho.

Para comprar castanha quebrada, o melhor lugar identificado foi a Feira de São Joaquim, com preços entre R$ 24 e R$ 28 o quilo, contra os preços das feiras de Sete Portas (R$ 30), Ogunjá (R$ 45) e Ceasa (R$ 28 a R$ 30).





*Correio da Bahia

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