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Argentina combate nuvem de gafanhotos a 130 km do Brasil


Uma nuvem de gafanhotos está sendo monitorada pelos governos da Argentina, Brasil e Uruguai. De acordo com a Senasa (Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar) da Argentina, as cidades da fronteira do país com o Rio Grande do Sul estão classificadas em "perigo" e as do Paraná em "alerta".

O engenheiro agrônomo e coordenador do Programa Nacional de Gafanhotos do Senasa, Héctor Medina, afirma que até o momento não foram reportados danos em cultivos nas províncias de Santa Fé e Corrientes, onde os insetos foram registrados.

A origem do que o especialista chama de "explosão populacional" dos gafanhotos está ligada a fatores climáticos. As chuvas, somadas às altas temperaturas durante os últimos invernos, propiciaram o aparecimento de pelo menos três gerações diferentes dos insetos. Quando as populações ficam grandes demais para a comida existente, as nuvens se formam.

"Neste momento, estamos tentando realizar um controle para diminuir o nível populacional, também foram feitos controles por produtores em Santa Fé e também em Corrientes. Em Corrientes, eles possuem um avião para ajudar neste controle, mas a neblina impede", diz Medina.

Segundo o engenheiro agrônomo, o avião poderia ser usado para definir a localização mais precisa do grupo de insetos. Estima-se que a nuvem tenha aproximadamente 20km² de extensão mas, apesar do tamanho, uma fumigação de veneno não é recomendada porque poderia contaminar alimentos e a água. 

"Se a nuvem passar por alguma plantação o dano poderia ser muito grande, porque em poucos minutos, eles podem se alimentar de uma grande quantidade de material vegetal", explica o especialista. Há seis dias, os produtores e moradores locais estão lidando com a praga.

Problema antigo

De acordo com Medina, no ano de 2015 uma nuvem de gafanhotos chegou a causar danos pontuais, principalmente nos pastos destinados à alimentação de gado, já que os insetos consomem massa vegetal. De acordo com o engenheiro, apenas em 1950 os insetos chegaram a destruir colheitas inteiras. 


Produtores ruais em frente a montes de gafanhotos que eram incineradosReprodução/Senasa

Segundo informações do Senasa, os gafanhotos surgiram em grandes números em janeiro de 2017 na Bolívia e, posteriormente, foi registrado o mesmo problema no Paraguai. Os dois países receberam ajuda técnica da Argentina, dando origem ao Programa de Gerenciamento Regional de Gafanhotos da América do Sul, que hoje inclui acordos de cooperação técnica.

Perto do Brasil

O último informe sobre a nuvem de gafanhotos afirma que, em linha reta, ela estaria a 130km de distância da cidade de Barra do Quaraí, do lado brasileiro da fronteira.

O problema é que, dependendo da condições climáticas, estes insetos podem percorrer longas distâncias em apenas um dia, até cerca de 150km se existirem ventos favoráveis. 

Para tentar evitar danos, a própia população ajuda com informações sobre a localização dos gafanhotos. Esta nuvem é proveniente do Paraguai e chegou à Argentina através da província de Formosa, e segundo o especialista, não é possível saber que rumo os insetos irão tomar.

"A nuvem andou mais de mil quilometros em aproximadamente um mês e agora está no sul da cidade de Corrientes e próxima da província de Entrerios", comenta Medina. "O que vai acontecer é muito difícil saber porque depende fundamentalmente do clima, e o fator mais importante é o vento", alerta.


*R7

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