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Manchas de óleo voltam a aparecer em Itacimirim


Novas manchas de óleo foram registradas nas praias de Itacimirim na manhã desta quarta-feira (30), descobertas pelos moradores e já estudadas por especialistas. Mas será que são novas mesmo?

De acordo com o Francisco Kelmo, diretor do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), de novas as manchas não tem nada. “Na verdade, a gente descobriu elas de ontem para hoje, mas o material que está lá é antigo. A nossa suspeita é que estejamos lidando ainda com os resíduos de 2019. Pelas características que verifiquei hoje, é um material que estava soterrado e que, com as mudanças de tempo, frente fria, chuvas fortes e muita ventania, esse material foi desenterrado”, explica o biólogo.

O material não foi encontrado em grande quantidade, mas foi o suficiente para ser notado pelos moradores da região, que imediatamente ligaram para Kelmo, pesquisador na área há 26 anos. De acordo com o especialista, o óleo achado é cru de alta intensidade e, por isso, não flutuava na superfície da água. Ao chegar na zona mais rasa e encontrar estruturas rochosas, como corais, o material grudava.

“A própria movimentação da maré de subida e descida, em uma praia mais vazia, faz com que os segmentos se movimentem no fundo da água. Como consequência, essas manchas foram enterradas. Só agora que vieram à tona”, conta.

O material foi encaminhado para o Instituto de Geociências da UFBA, que verificará a assinatura do óleo em uma máquina para descobrir se é a mesma do óleo encontrado nas praias em 2019.


Esse óleo ainda apresenta risco para o meio-ambiente?

De acordo com Kelmo, apesar do material ter estado enterrado, nele ainda continuam tendo frações, na sua composição química, que são danosas para a saúde dos animais que vivem nos corais da região.

“Os metais pesados continuam presentes durante muitos anos. Mesmo com a retirada após quase dois anos, a gente está fazendo um favor para o ambiente, pois diminuímos a quantidade de material tóxico que se encontra ali. Naquela região, meu grupo de pesquisa registrou uma perda de biodiversidade de animais marinhos que ultrapassou 80% após a chegada desse óleo, em 2019. Estamos dando aos animais que sobreviveram uma oportunidade de continuar existindo e repopular a região”, esclarece.



*Correio da Bahia

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