Novidades


 

Além do carnaval, festas populares perigam não acontecer


Não é só o Carnaval que tem realização incerta. As festas populares também estão ameaçadas por causa da covid. Com programação definida mesmo só a festa de Santa Bárbara (4/12) e da Conceição da Praia (8/12). Mesmo assim, as duas celebrações terão restrições: não contarão com cortejo e tudo será transmitido pela internet.

A primeira, que abre a temporada 2021/2022, aconteceu ontem: o Dia Nacional da Baiana de Acarajé. A próxima comemoração é a festa de Santa Bárbara, no dai 4/12, que também não terá gente na rua. As homenagens à Rainha dos Raios terão início com três dias de missa (1, 2 e 3/12), às 18h, na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. O acesso dos fiéis ao templo será por ordem de chegada. No dia santo, as missas acontecem às 7h, às 9h, e às 11h, com transmissão ao vivo pelo canal Irmandade dos Homens Pretos, no Youtube.

Para a festa da Nossa Senhora da Conceição da Praia o esquema será bem parecido. A padroeira da Bahia será homenageada na basílica do Comércio com novenário de 29 de novembro a 7 de dezembro, às 19h. A participação será mediante agendamento prévio.

No dia 8, dia santo, haverá missa às 4h, 5h, 6h, 7h30, 12h, 14h e 17h. A missa principal, às 9h30, será presidida pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sergio da Rocha. Por volta das 11h, está prevista uma carreata. Toda a programação será transmitida, ao vivo, peloYoutube.

No dia 13, a carreata em homenagem a Santa Luzia ainda não está confirmada. A celebração religiosa terá missa às 9h e 18h nos dias 10, 11 e 12. No dia santo, as missas acontecerão às 6h, 8h, 10h, 15h, 17h e 19h. As celebrações também serão transmitidas pelo Youtube.

“A gente queria fazer nos moldes do ano passado, mas já não sabemos mais se vai ser possível. Talvez a gente precise cancelar a carreata e ficar só com as missas, que vão poder ser acompanhas virtualmente também por conta do limite de pessoas”, explica padre Renato Minho, líder da Paróquia.

As festas de Bom Jesus dos Navegantes (31/12) e de Reis (6/1) também seguem sem definição. Para a Lavagem do Bonfim (14/01), segundo o padre Edson Menezes, reitor da Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim, há três opções:

“O plano A é que a festa aconteça. O plano B é realizar o cortejo da imagem num carro aberto, como no ano passado, e a terceira opção é não ter nada. Nosso medo é que, mesmo sem a lavagem, as pessoas se aglomerem. A sensação é de que a maioria já perdeu o medo”.

Tão popular quanto o Bonfim, a festa de Iemanjá (2/2) também segue indefinida. Cristiane Sobrinho, Doutora em Antropologia, responsável pelo laudo que tornou a Festa de Iemanjá Patrimônio Cultural Imaterial da cidade de Salvador, aposta que, em 2022, os festejos tenham mais gente: “Já temos muita gente vacinada, então acho que o número de participantes vai ser maior. No ano passado, ainda tínhamos muito mais medo”.

O CORREIO procurou a Empresa Salvador Turismo (Saltur), que dá suporte às festas populares na capital, mas não obteve retorno.

Em seu dia, baianas de acarajé fizeram samba na rua
No dia 25 de novembro é comemorado o Dia Nacional da Baiana de Acarajé. Em Salvador, as celebrações começaram no início da tarde, como se não houvesse pandemia. Uma missa na Igreja do Rosário dos Pretos celebrada pelo Padre Rafael Mutemba homenageou as vendedoras que seguiram em cortejo até a Praça da Cruz Caída, embaladas pela percussão do grupo A Mulherada.

Seguindo o ritmo, as baianas fizeram parecer fácil exercer o samba no pé em plena ladeira do Pelô. Com saias rodadas, turbantes, brincos e colares, deixaram transparecer nos olhos os sorrisos que as máscaras esconderam. Rosilene Santana, 47, contou com um acessório a mais: a muleta. “Fiz questão de vir, mesmo de muleta, com fibromialgia, problema de coluna. Hoje não é só uma comemoração, é uma questão de resistência da mulher negra junto aos terreiros de candomblé também. O acarajé é o símbolo de muita coisa e não podemos deixar de valorizá-lo”, disse Rosilene.

Maria do Rosário, 53, também se destacou no cortejo. Logo à frente do grupo, chamou a atenção pelo samba no pé e alegria e revelou seu segredo: “Eu gosto muito de samba, tenho paixão por isso. Para resumir, eu sou feliz, tenho Deus e os orixás na minha alma. É um pouco de brilho, um pouco de samba e uma pitada de dendê”.

O dia foi marcado por celebração, mas também por luta. Rita Santos, presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (ABAM), disse que o pedido para este ano é saúde, não somente por causa da pandemia, mas pelos malefícios que o contato direto com a fumaça do dendê está causando às baianas de acarajé:“Sem dendê não tem acarajé. A fumaça dá câncer de pulmão, dá câncer de mama, água na pleura, problemas de visão. Então eu estou aqui pedindo que as autoridades olhem por nós e cuidem da cadeia produtiva desse dendê”. Na Praça da Cruz Caída foi instalada uma exposição em homenagem às baianas.

Na Praça da Cruz Caída foi instalada uma exposição em homenagem às baianas. A partir das 18h, foram iniciadas apresentações culturais.




*Correio da Bahia

Nenhum comentário