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Entidades propõem criação do fundo do Carnaval e de auxílio para trabalhadores


Entidades, políticos e representantes de setores ligados ao Carnaval lançaram, na tarde desta quinta-feira (20), na Casa do Olodum, no Pelourinho, um manifesto em que pedem à prefeitura e ao governo estadual que tome decisões em benefício dos trabalhadores da festa.

Intitulado "Carnaval é festa, trabalho e pão", o documento solicita, dentre outras medidas, a implementação de um auxílio financeiro para os profissionas prejudicados pelo cancelamento do evento e a criação de um fundo de desenvolvimento da folia.

"O nosso carnaval é alegria, é festa, mas também é cidadania, é trabalho e pão na mesa de muitos baianos. Sabemos também, que numa cidade desigual como é Salvador, nem mesmo a magia de momo é capaz de esconder ou superar essa desigualdade, em que muitos trabalham e poucos lucram. E nesses encontros e embates de interesses distintos também está a marca do carnaval de Salvador, as disputas por reconhecimentos e a distribuição mais justa dos recursos destinados a esta grande festa", defende o texto.

Assinam o documento artistas, vendedores ambulantes, prestadores de serviços, blocos e diversas outras representações, que ressaltam o impacto expressivo da festividade na economia, na diversidade e da pluralidade das manifestações artísticas e culturais.

"Os números gigantescos que envolvem a grande festa não nos deixam mentir: R$ 1,8 bilhão é o faturamento estimado do carnaval, 250 mil pessoas (representando aproximadamente 5% da população de Salvador) conseguem postos de trabalho e auferir renda no período. Um trabalho que, apesar de temporário, em muitos casos, sustentam famílias por alguns meses além do carnaval", acrescenta.

Estiveram na mesa que formalizou o lançamento do manifesto o presidente da comissão de Cultura na Câmara, Sílvio Humberto (PSB); o vereador e conselheiro do Olodum, Claudio Tinoco (DEM); o presidente do bloco Filhos de Gandhy, Gilson Ney; Tonho Matéria, representando músicos e capoeiristas; o deputado estadual Jacó (PT); o deputado federal João Carlos Bacelar (Podemos) e a deputada federal Lídice da Mata (PSB).


Leia o manifesto na íntegra:


O Carnaval da Cidade do Salvador é sem sombra de dúvidas uma das maiores festas do planeta, onde milhões de pessoas se divertem, milhares de baianos trabalham e outros tantos ganham o seu pão de cada dia. Além disso, ou mais do que isso, o Carnaval de Salvador é símbolo do encontro da diversidade e da pluralidade das nossas manifestações artísticas e culturais. Do afoxé ao bloco de trio, do Bloco Afro aos Travestidos, das batucadas ao folião pipoca (que é o senhor maior dessa festa) tudo isso é permeado pela magia de Momo que contagia a tudo e a todos.

O nosso carnaval é alegria, é festa, mas também é cidadania, é trabalho e pão na mesa de muitos baianos. Sabemos também, que numa cidade desigual como é Salvador, nem mesmo a magia de momo é capaz de esconder ou superar essa desigualdade, em que muitos trabalham e poucos lucram. E nesses encontros e embates de interesses distintos também está a marca do carnaval de Salvador, as disputas por reconhecimentos e a distribuição mais justa dos recursos destinados a esta grande festa.

Os números gigantescos que envolvem a grande festa não nos deixam mentir: R$ 1,8 bilhão é o faturamento estimado do carnaval, 250 mil pessoas (representando aproximadamente 5% da população de Salvador) conseguem postos de trabalho e auferir renda no período. Um trabalho que, apesar de temporário, em muitos casos, sustentam famílias por alguns meses além do carnaval. O Governo do Estado e a Prefeitura investiram 136 milhões de reais no último carnaval. Só a indústria hoteleira faturou 150 milhões de reais no último carnaval. Segundo o Professor Paulo Miguez estudioso do carnaval baiano. "Do trabalhador mais precarizado ao dono do camarote, todos fazem parte de uma economia. São milhares e milhares de pessoas envolvidas. Por isso, o que se chama de PIB da festa é absolutamente significativo para a vida econômica da cidade”. Ainda segundo o Professor Miguez - “O impacto do cancelamento do Carnaval é muito grande”. Não só do ponto de vista simbólico, mas social e econômico. Há um conjunto de atividades que precisam de apoio. “Da mesma forma que tem que ser feito para o trade turístico, para os camarotes e blocos, tem que cuidar também do lado mais fraco da corda”.

Por isto mesmo, neste momento de grave crise originada pelo Covid 19 e suas variantes que impossibilita a realização da folia momesca por 2 anos consecutivos, a desigualdade mais uma vez se faz presente e de forma dura e cruel, em particular para a maioria dos trabalhadores/as do carnaval de Salvador. Principalmente para aqueles que proporcionam com seu trabalho as condições necessárias ao sucesso dessa festa planetária. Estamos falando das baianas de acarajé dos cordeiros, dos seguranças dos blocos e trios elétricos, dos vendedores de churrasquinho, cervejas e dos quitutes, costureiras e vendedores de adereços carnavalescos. Dos técnicos de som, luz, roadies e adereços, dos percussionistas e músicos das bandas e blocos populares, enfim das dezenas de milhares que fazem o Carnaval de Salvador acontecer e brilhar para o mundo inteiro.

Conscientes da impossibilidade sanitária para a realização do Carnaval da Cidade do Salvador, no ano de 2022. Conscientes também de que outras ameaças à saúde pública pairam em nossa cidade a exemplo do vírus da gripe influenza, nós abaixo assinados, trabalhadores e trabalhadoras do carnaval de Salvador (músicos, percussionistas, artistas, vendedores ambulantes, pequenos comerciantes, prestadores de serviços, dirigentes de entidades carnavalescas, representantes políticos da área cultural e foliões em geral) vimos a público encaminhar e solicitar às autoridades do Governo do Estado da Bahia e da Prefeitura Municipal da cidade de Salvador, providências urgentes no sentido de mitigar os efeitos dessa tragédia.

Afinal, não podemos ignorar a dor e o sofrimento daqueles/as que fazem o carnaval de Salvador ser a maior do planeta, os nossos trabalhadores e trabalhadoras. Por tudo isso, propomos:

Criação do Auxílio Emergencial para o Carnaval de 2022, intitulado Lei Mário Gusmão, que contemple ao menos quatro parcelas, (março a junho) em valor semelhante ao do Auxílio Emergencial Nacional. Esses recursos serão destinados para os trabalhadores/as do carnaval que se encontram cadastrados pela Prefeitura de Salvador. Esse auxílio deve ser partilhado entre o Governo do Estado da Bahia e a Prefeitura Municipal de Salvador.

O auxílio deve ter como fonte os recursos financeiros que o Governo do Estado e o Município de Salvador investiriam no Carnaval este ano, um montante aproximado de 130 milhões de reais.


Criação do Fundo de Desenvolvimento do Carnaval de Salvador, por Lei intitulada, Lei Dodô e Osmar que propicie recursos permanentes para o apoio as entidades carnavalescas de caráter popular e comunitário, a exemplo dos Blocos Afros, Afoxés e Blocos de Samba desenvolvam atividades que assegurem a diversidade cultural do carnaval de Salvador.

Os recursos devem ser provenientes tanto do poder público quanto dos negócios privados do mercado da festa.




*Bahia Notícias

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