SIMÕES FILHO: Por descaso da secretaria de cultura, artistas perdem o beneficio da Lei Aldir Blanc
A Lei nº 14.017, de 29 de junho de 2020, carinhosamente denominada Lei Aldir Blanc, foi criada com o intuito de promover ações para garantir uma renda emergencial para trabalhadores da Cultura e manutenção dos espaços culturais brasileiros durante o período de pandemia da Covid‐19.
Na cidade de Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador a prefeitura local através da Secretaria Municipal de Cultura, não está nem ai para a classe artística do município. Isso porque, a nossa equipe recebeu a informação que a secretaria perdeu todos os prazos e o montante de R$ 928.804,57 (novecentos e vinte e oito mil, oitocentos e quatro reais e cinquenta e sete centavos), teria retornado para o estado, deixando a classe artística a ver navios.
Indignado com o descaso do poder público diante da situação, o artista visual Augusto Leal falou com a nossa equipe sobre o fato inédito.
"Eu não estou participando desse processo da Lei Aldir Blanc, a minha posição de revolta e indignação é enquanto artista da cidade, cidadão e enquanto alguém que está preocupado com o desenvolvimento cultural da cidade, e que já participa de forma independente dessa construção já há alguns anos. Eu sou um artista que quer ver a cidade se desenvolver culturalmente, socialmente, economicamente, em todos os aspectos, e essa é minha posição", desabafou.
Em contato com a produção do Programa Panorama de Notícias, o Secretário de Cultura Aílton Guerra, se comprometeu em falar ao vivo conosco a partir do meio dia desta sexta-feira (15), na Rádio Simões Filho FM 87.9.
QUEM FOI ALDIR BLANC
Aldir Blanc Mendes (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1946 - idem, 2020). Letrista, poeta e escritor. Nasce no Bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, onde vive a maior parte da infância. Mais tarde, reside em Vila Isabel e no Largo da Segunda-Feira e, finalmente, muda-se para o Bairro da Tijuca. Em 1966, ingressa na faculdade de medicina, forma-se e se especializa em psiquiatria, mas abandona a profissão médica em 1973.
Aos 18 anos, ganha uma bateria e, tempos depois, forma o grupo Rio Bossa Trio. Em 1968, conhece o parceiro Sílvio da Silva Júnior (1947). Dois anos mais tarde, a primeira composição dessa dupla, Amigo É pra Essas Coisas, é gravada pelo conjunto vocal MPB-4. Na mesma época, ao lado de outros compositores, como Ivan Lins, Gonzaguinha e Marco Aurélio, funda o Movimento Artístico Universitário (MAU), e torna-se conhecido por criar e integrar associações ligadas à defesa dos direitos autorais. É um dos fundadores da Sociedade Musical Brasileira (Sombras) - responsável pela arrecadação de direitos autorais -, da Sociedade de Artistas e Compositores Independentes (Saci) e da Associação dos Músicos, Arranjadores e Regentes (Amar).
O escritor, compositor e músico Aldir Blanc, em uma livraria da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, em uma imagem de arquivo, em 2006.
MORTE DE ALDIR BLANC
Blanc deu entrada no Hospital Municipal Miguel Couto com o quadro de infecção urinária e pneumonia no dia 10 de abril. Contam os amigos mais próximos que na quinta-feira estava bem, e na sexta foi levado de ambulância ao hospital. Sem recursos para manter seu pai internado, a filha de Aldir, Isabel, pediu doações através de uma página no Facebook para transferência de hospital e tratamento do artista. Mary Blanc, sua esposa, também foi diagnosticada com o coronavírus, mas tem quadro estável.
Por Ataíde Barbosa
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