Caso de vereadora encontrada morta mostra que luta das mulheres pela vida tem longo caminho a ser percorrido
De mãos dadas com o seu agressor. Assim foi encontrado o corpo da presidente da Câmara de Juazeiro do Norte, no Ceará, Yanny Brena. A política de 26 anos tinha ferimentos no pescoço e no abdômen, as unhas quebradas e sinais de asfixia – o que tornou o seu então namorado Rickson Pinto, de 27 anos, principal suspeito do crime.
Rickson foi encontrado morto ao lado de Yanny pela empregada doméstica que trabalhava para o casal. A Polícia Civil investiga o caso a partir da hipótese de feminicídio seguido de suicídio.
O crime ocorreu no último dia 3, cinco dias antes do Dia Internacional das Mulheres, celebrado anualmente em 8 de março. Criada há 106 anos pela ONU, a data lembra que ainda há muita luta para que as mulheres possam conquistar os seus direitos e, em muitos casos, simplesmente sobreviver.
Bahia lidera aumento da violência
Em 2022, uma mulher foi vítima de violência a cada quatro horas nos sete estados monitorados pela Rede Observatórios da Segurança (são: Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, São Paulo e Rio de Janeiro). O último boletim, divulgado no último dia 6, mostra ainda que, dos 2.423 casos, 316 ocorreram na Bahia. O estado atingiu, no ano passado, a maior taxa de crescimento de crimes do tipo: 58%.
Pressionado, o presidente da Câmara de Barra da Estiva, no centro-sul baiano, renunciou ao cargo em 8 de março. Neste caso, é ele quem está sendo investigado pelo desaparecimento de Beatriz Pires, de 25 anos. Grávida de seis meses, a jovem foi vista pela última vez na noite do dia 11 de janeiro, em um carro que costuma ser usado pelo vereador.
O legado mortal de Bolsonaro
Em entrevista na Rádio Metropole, a coordenadora regional da rede, Larissa Neves, atribuiu o aumento da violência contra as mulheres no Brasil ao desmonte de políticas públicas durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Durante o governo Bolsonaro, houve um desmonte da rede de acolhimento, cuidado e proteção às mulheres. Foi durante este período que ocorreu um aumento desses casos [de violência contra a mulher]. Muitos fatores podem estar atrelados: o acesso facilitado às armas; a violência política, que foi um dado muito expressivo no ano passado durante as eleições e pré-eleições [...]; e a crise econômica”, avaliou Larissa.
A coordenadora observou, no entanto, que as gestões estaduais e municipais, assim como a população em geral, têm parte da responsabilidade. “Tem um fator muito peculiar nesse aumento que é a falta de medidas de prevenção que funcionem de maneira efetiva. [A violência contra a mulher] é um problema social que requer um compromisso da sociedade como um todo, especialmente da gestão pública, que vem tolerando, ano apó
*Metro 1/Foto: Reprodução/Redes sociais
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