Corvina lidera procura por peixe para a mesa da Páscoa
Ainda faltam dez dias para a Sexta-Feira da Paixão, mas a procura pelo peixe já começou. E depois de espiar as sacolas dos clientes e de conversar com os comerciantes, podemos dizer que a celebração de 2023 vai seguir a mesma tendência dos anos anteriores. A corvina e a arraia reinam na preferência do público (mais pelo preço do que pelo gosto) e os permissionários estão otimistas com as vendas.
O box 29 do Mercado do Peixe, em Água de Meninos, teve uma manhã movimentada nesta segunda-feira. Em alguns momentos, houve fila enquanto do outro lado do balcão a comerciante Conceição Correia, que trabalha há 23 anos no local, se desdobrava para atender. Ela contou que os preços ainda não subiram, mas que na próxima semana o reajuste de alguns produtos pode superar 20%.
“A corvina e a arraia ficam disputando para ver quem é mais procurada. O preço dos dois é o mesmo, R$ 18 o quilo. A corvina é um peixe de fácil aceitação, pega tempero rápido e pode ser usada em diversos pratos”, contou.
Com medo do reajuste, muitos clientes estão comprando os peixes para congelar. O permissionário Tom disse que essa é a estratégia correta para quem quer economizar: “Os fornecedores já aumentaram os preços, mas a gente ainda está segurando. Porém, deve ocorrer um novo aumento na próxima semana e aí teremos que repassar. Quem quer comprar o peixe mais barato precisa comprar agora”. Os permissionários disseram estar otimistas, mas lembraram que em 2022 parte considerável da população ainda recebia auxílio emergencial, o que impulsionou as vendas. Agora, há apenas o Bolsa Família, programa que não atende a toda a população. “Mesmo assim, a gente espera que o cenário mude”, completou.
Compra antecipada
A maioria dos produtos vendidos no Mercado do Peixe vem de outros estados, como Pará, Rio Grande do Norte e Espírito Santo. Despesas com deslocamento e questões climáticas podem interferir no preço final, além da procura. Pensando nisso, o casal Victor e Aline Soares antecipou as compras da Semana Santa. “Meus pais são muito religiosos e todos os anos a gente faz um almoço na casa de minha mãe. Este ano, vamos receber alguns parentes e amigos, então, vai ter mais gente que o normal. Viemos logo comprar o peixe para conseguir levar uma boa quantidade a um preço justo”, disse Aline, que selecionou um vermelho.
O peixe não está entre os mais baratos. Atualmente, o quilo custa entre R$ 40 e R$ 45, mas também faz sucesso na mesa. A guaricema (de R$ 15 a R$ 17, o quilo) e o bacalhau (de R$ 60 a R$ 65) fecham a lista dos cinco mais procurados. Correndo por fora tem ainda a pescada amarela e o olho de boi, com preços variando entre R$ 35 e R$ 40. Já a tilápia está de R$ 25, a pequena, e R$ 35, a grande.
No box 24 a procura é por camarão. MacGyver, como é conhecido o permissionário responsável, contou que o tipo médio é o que está tendo mais saída. Na manhã desta segunda o produto já tinha acabado. A escolha é influenciada pelo preço, R$ 30 o quilo. Em seguida, aparece o pistola, de R$ 45. “O movimento ainda está fraco, vai melhorar na semana que vem”, disse.
Apesar disso, o movimento no balcão foi intenso, para a alegria de John Presas, que está trabalhando há cinco dias no box para dar conta da Semana Santa: “Estou animado”
Veja a lista das proteínas mais procuradas nesse período:
Corvina – R$ 18 a R$ 20 o quilo;
Arraia - R$ 18 a R$ 20 o quilo;
Guaricema – R$ 15 a R$ 17 o quilo;
Vermelho – R$ 40 a R$ 45 o quilo;
Bacalhau – R$ 60 a R$ 65 o quilo;
Camarão médio – cerca de R$ 30 o quilo;
Camarão pistola – cerca de R$ 45 o quilo;
*Valores praticados no Mercado do Peixe, em Água de Meninos.
Segurança
Na semana passada, a Vigilância Sanitária de Salvador (Visa) informou que intensificou a fiscalização em feiras e mercados que comercializam os produtos típicos da Semana Santa, como peixes, frutos do mar, azeites, oleaginosas, cocos e derivados. O órgão disse que o objetivo é orientar os comerciantes sobre como armazenar e comercializar os alimentos de forma segura, e orientar a população sobre como escolher produtos frescos.
A dona de casa Maria Aparecida Santos, 58 anos, contou que é preciso ter paciência na hora das compras. “Primeiro, porque a gente precisa pesquisar os melhores preços. E segundo, porque quando a gente tem tempo é possível observar os produtos com calma, ver o que não está bom e trocar, seja de alimento, seja de vendedor”, afirmou.
A Visa orienta os consumidores a buscarem um lugar seguro para fazer as compras e observarem as condições de armazenamento, higiene e de qualidade dos alimentos. No caso do amendoim, por exemplo, muito comum na Semana Santa, o armazenado não deve ser feito em local úmido ou muito quente, porque nele acontece a proliferação de fungos que produzem toxinas.
Orientações de segurança:
Busque lugares que tenham alvará, pois é a garantia de que a Vigilância Sanitária atua naquele estabelecimento;
Produtos perecíveis como pescados, camarão e similares devem ser avaliados quanto as condições de higiene do local, se tem presença de insetos e se as mercadorias estão cobertas;
Se for um pescado, averiguar se está bem refrigerado e com aspecto fresco. A dica é verificar se o olho do peixe está brilhante e saltado, a musculatura deve estar firme e elástica e o odor deve ser próprio da espécie;
Pescados diferentes não devem estar acondicionados juntos, para não acontecer contaminação cruzada, e sempre devem estar cobertos com gelo;
*Correio da Bahia/Foto: Marina Silva
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