Violência continua preocupando população de Salvador
O mês de maio em Salvador foi mais um cenário da violência urbana que atinge as grandes capitais do país: 153 tiroteios resultaram na morte de 115 pessoas, conforme aponta os dados do relatório do Instituto Fogo Cruzado, que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida.
Nos lares, o Instituto contabilizou 18 vítimas, 15 mortas e três feridas, em toda a Salvador e região metropolitana. O quinto relatório mensal de 2023 informa que, do total de tiroteios contabilizados (153) em maio, 60 deles ocorreram durante ações e operações policiais; 10 ocorreram em meio a disputas entre grupos armados; e sete em meio a perseguições.
Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz 40 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e de Salvador. Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto.
A coordenadora regional do Fogo Cruzado Tailane Muniz afirma que os dados produzidos pelo instituto são essenciais no auxílio da garantia da transparência dos dados sobre segurança pública.
"Antes do Fogo Cruzado não havia como mensurar esse tipo de tendência na Bahia. O problema da violência armada está diretamente vinculado à falta de transparência. Faltam dados de qualidade para embasar políticas públicas de proteção à população", afirma.
Ainda conforme o Instituto, dentre os casos registrados e que torna a realidade ainda mais emblemática está o crime ocorrido no dia 25 de maio, onde duas mulheres foram mortas e um homem ficou ferido dentro de casa, no bairro do Cassange, em Salvador.
As vítimas eram Girlene Pereira dos Santos, 40 anos, a nora dela, Célia Santos, 31, e esposo de Girlene, cuja identidade não foi revelada.
Já em Marechal Rondon, uma família inteira foi morta a tiros enquanto dormia, no dia 31 de maio: o casal Luís Fernando Silva Santos, 33, e Vanessa dos Santos Vitorio, 24, e o filho deles, Jeferson dos Santos Valverde, 12.
Apenas nos cinco primeiro meses de 2023, o Instituto Fogo Cruzado já registrou em toda Salvador e Região Metropolitana, 67 mulheres vítimas da violência armada, 47 delas foram mortas.
Dos 115 mortos, 102 eram homens, 12 eram mulheres e um não teve o gênero revelado. Entre os 30 feridos, 27 eram homens e três eram mulheres. Durante o mês de maio 44 pessoas negras foram baleadas, quatro brancas, e do total de atingidos, 97 não tiveram recorte racial identificado.
*Tribuna da Bahia/Foto: Romildo de Jesus
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