Ciclistas de Jequié cobram ciclovias na cidade em meio a descaso das autoridades
Conhecida como Cidade do Sol, Jequié, no sudoeste da Bahia, chama atenção por suas belezas naturais, com espaços propícios para pedaladas. Um empecilho à melhor exploração desta atividade no município, no entanto, é a falta de políticas públicas voltadas à segurança dos ciclistas na região.
Idealizador do Movimento Ciclo-Olhar, que defende os direitos dos ciclistas jequieenses, o documentarista Dado Galvão relatou ao Metro1 sobre o desamparo por parte das autoridades locais com esta parcela da população.
Em 2021, o projeto de Dado lançou uma campanha em um outdoor localizado em uma das regiões mais movimentadas do município, Avenida César Borges. Um ciclista invisível aparecia acompanhado pelos dizeres: "Jequié está pedalando! Atenção: prefeito e vereadores, queremos políticas públicas para o ciclismo".
O apelo chamou atenção da mídia e de moradores. Inclusive do prefeito da cidade, Zenildo Brandão, mais conhecido como Zé Cocá (PP), apareceu durante a campanha eleitoral com uma camiseta estampada com a frase "queremos ciclovias já!". Mas muito pouco foi feito pelo ciclismo no município de dois anos para cá.
"O prefeito prometeu e publicou no Diário Oficial do Município 6 km de ciclovia, mas entregou à comunidade 6 km de ciclofaixa. Os custos para construção de uma ciclovia são bens maiores, requer mais estrutura e mais estudos", afirmou Dado. Procurada pelo Metro1, a prefeitura de Jequié alegou que o anúncio sobre uma ciclovia não passou de "um erro de digitação", pontuado por uma errata posteriormente.
Ao longo de 2023, três mortes de ciclistas no trânsito foram registradas em Jequié e arredores. Com perfis distintos, entre eles, uma mulher de meia-idade e um idoso. As vítimas evidenciam o descaso observado por quem se desloca de bicicleta, por lazer ou por necessidade.
"Se a gente tivesse espalhado mais sinalizações pela cidade, principalmente, nas áreas onde há um trânsito mais violento, onde tem vários ciclistas invisíveis, é provável que hoje estaríamos em uma cidade respirando menos mortes", disse o documentarista. "É só uma questão mesmo de bom senso, de vontade política e dos gestores ouvirem a população. Nós simplesmente não somos escutados", acrescentou.
*Metro 1/Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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