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Médico baiano morto por engano escolheu quiosque por medo da violência no Rio


A esposa do médico Perseu Ribeiro de Almeida, morto por engano no Rio de Janeiro, havia feito um acordo com o marido: ele iria evitar se deslocar pela cidade por causa da violência. Perseu e outros dois colegas foram mortos em um quiosque na frente do hotel onde estavam hospedados, na última quinta-feira (5).

"Quando Perseu falou que iria para o congresso no Rio de Janeiro, por ter medo, pedi para que ele evitasse pegar carros de aplicativo e evitasse sair. A gente fechou um acordo para que ele ficasse no hotel e não se deslocasse pela cidade. Tinha medo pelo que via no noticiário", contou Verônica Gomes Almeida, em entrevista ao jornal O Globo.

Antes de morrer, o médico trocou algumas mensagens com a esposa e enviou uma foto ao lados amigos. "Pouco mais das 23h, mandei mensagem perguntando onde ele estava, e ele enviou aquela foto com os quatro amigos do lado. Eu disse: “que Deus te acompanhe, te proteja e guie seus passos”", relatou.

Verônica estranhou quando acordou no dia seguinte e o marido não tinha respondido à sua última mensagem. "Quando acordei para ir trabalhar, vi que ele não havia respondido minha mensagem. Achei estranho e questionei por que ele não me avisou que já tinha voltado para o hotel. Fiquei ligando para o quarto do hotel, e ele não me atendia. Comecei a ligar pelo Instagram e não conseguia falar. Acho que estava dando algum tipo de erro, porque, quando ligava, mostrava que ele estava on-line. Liguei para o hotel e pedi que transferissem minha ligação para o quarto. Mesmo assim ele não atendeu. Pensei que, como ele não tinha o costume de beber, estava dormindo".

Verônica só soube da morte do marido pelo noticiário. "Fiquei sabendo pelo noticiário. Ninguém me ligou. A polícia não ligou. O hotel e o evento não ligaram. Ninguém entrou em contato comigo. Por isso, tomei um susto. Minha sogra também não estava sabendo. Não julgarei o hotel e o evento. Agora, imagina se pego meu celular e observo a foto?", disse.

Ela conta que chegou a pensar que o marido havia sido morto por usar uma camisa do Bahia. "Eles achavam estarem seguros no quiosque. Perseu chegou ao quiosque com o Daniel. Pensei que eles tinham atirado nele porque ele era torcedor do Bahia. Achei que fosse algo de rivalidade de time, sabe? Mas não era isso. Era muito pior", explica.

Verônica elogia o marido e lamenta a violência. "Perseu era um homem exemplar e um marido maravilhoso. De uma simplicidade... Ele não vai mais chegar em casa. Se mandar mensagem, ele não responderá mais. No final dessa guerra, todo mundo sai perdendo".





*Correio da Bahia/Foto: Acervo Pessoal

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