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Atos de 8 de janeiro completam um ano sem punição a mentores



Os atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023 completam um ano hoje, após terem mexido com a estrutura dos Três Poderes e deixado um rastro de destruição nos principais prédios públicos de Brasília. Com executores presos e outros aguardando julgamento, as investigações ainda não levaram à punição dos mandantes nem de nenhuma cúpula que tenha planejado a ação.

O 8 de janeiro marcou o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não aceitaram o resultado da eleição presidencial e pediram a derrubada do governo com intervenção militar. Lula estava em Araraquara, a 270 quilômetros da capital paulista, no momento das invasões e decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. O presidente chegou a Brasília à noite para visitar o Palácio do Planalto após a destruição.

Em um ano, 2.170 pessoas foram presas, a maioria por ter invadido e atacado diretamente os prédios públicos, de acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes é o relator do inquérito responsável por julgar os extremistas envolvidos nos ataques. Do total, 66 extremistas permanecem presos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 1.413 pessoas pelos atos antidemocráticos, das quais 30 foram condenadas por crimes como golpe de Estado e outras 29 serão julgadas até fevereiro.

A lista de presos e condenados pelo 8 de janeiro, no entanto, não inclui mentores nem políticos. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi o primeiro na lista de indiciados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso. Na Justiça, ele é um dos investigados, mas não enfrentou uma denúncia. Conforme o Estadão revelou, golpistas reproduziram frases literais de Bolsonaro ao invadirem a sede dos Três Poderes, seguindo um roteiro de ideias disseminadas por ele e que cresceram entre os apoiadores após a eleição de outubro de 2022, quando bolsonaristas começaram a montar acampamentos em frente a quartéis do Exército.

Em 2024, a PGR, agora sob a gestão do novo procurador-geral da República, Paulo Gonet, será responsável por conduzir o futuro das investigações envolvendo Bolsonaro e outras autoridades. Gonet foi alçado ao cargo por Lula, em substituição ao ex-procurador-geral Augusto Aras, indicado pelo ex-presidente. “O Ministério Público Federal reitera o compromisso de devotar todo o empenho para apurar responsabilidades pelo que se deu em 8 de janeiro de 2023, promover as medidas punitivas cabíveis e prevenir a repetição de condutas análogas”, afirmou Gonet em nota ao Estadão.

O ataque golpista provocou um prejuízo de R$ 12 milhões aos Três Poderes no dia 8 de janeiro, de acordo com o Supremo Tribunal Federal.





*Tribuna da Bahia/Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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