Bahia ocupa 4ª posição em ranking nacional de crimes ambientais, com destaque para desmatamento e exploração mineral
A Bahia ocupa a quarta colocação no ranking nacional de crimes ambientais registrados entre 2023 e 2024, de acordo com o relatório “Além da Floresta: Conflitos socioambientais e deserto de informações”, divulgado na última terça-feira (17) pela Rede de Observatórios da Segurança. O estado registrou uma significativa quantidade de ocorrências, inserindo-se entre os mais afetados por ações ilegais contra o meio ambiente.
No total, foram contabilizadas 41.203 infrações ambientais em nove estados monitorados: Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. A pesquisa revela que, na Bahia, impressionantes 87,22% dos crimes ambientais têm como alvo a flora, evidenciando o avanço do desmatamento e da degradação dos ecossistemas nativos, sobretudo na região da Caatinga e em áreas de transição para o Cerrado e a Mata Atlântica.
Além do desmatamento, o estado também se destaca negativamente no que diz respeito à exploração mineral irregular, representando 2,20% das infrações nessa categoria — ficando atrás apenas do Rio de Janeiro (2,66%). A crescente atividade extrativista, muitas vezes sem regulamentação ou fiscalização adequada, tem gerado impactos severos em áreas de preservação e em territórios tradicionalmente ocupados por comunidades rurais.
São Paulo lidera o ranking nacional em número absoluto de crimes ambientais, com 17.501 registros, e um aumento alarmante de mais de 246% nos casos de incêndios em matas e florestas. Esse dado reforça a urgência de ações coordenadas entre os estados para combater a degradação ambiental e promover políticas efetivas de conservação.
Apesar da gravidade dos números, o relatório chama a atenção para a subnotificação dos crimes e para as limitações metodológicas do levantamento. A base dos dados se apoia na Lei nº 9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, que não contempla conflitos agrários nem diversas formas de violência contra povos e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Além disso, a forma de coleta e categorização dos dados varia entre os estados, o que compromete a uniformidade e a abrangência das estatísticas.
O relatório, portanto, vai além da simples exposição de dados: denuncia um cenário de insegurança ambiental agravado pela ausência de informação precisa e pela fragilidade das políticas de fiscalização e preservação ambiental. O caso da Bahia, com seus altos índices de crimes contra a flora e exploração mineral, revela a necessidade urgente de medidas públicas mais eficazes, que considerem não apenas os impactos ecológicos, mas também os direitos das populações diretamente afetadas por essas violações.
Por Ataíde Barbosa/Foto: Agência Brasil
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