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Clima esquenta nos bastidores de União Brasil e Progressistas, e saída da base de Lula é dada como certa até outubro


Nos bastidores de Brasília, a temperatura política vem subindo rapidamente entre os partidos União Brasil e Progressistas (PP), duas siglas que atualmente integram, ainda que de forma ambígua, a base de apoio do governo Lula. Com divergências internas crescentes e pressão de alas mais conservadoras, lideranças partidárias já tratam como inevitável a saída formal do apoio ao governo até outubro deste ano.

A avaliação entre os principais caciques das duas legendas é de que a aliança com o Palácio do Planalto perdeu força e propósito. Apesar de alguns ministros dessas siglas ainda ocuparem cargos estratégicos no governo, como Juscelino Filho (Comunicações, do União Brasil), a sustentação política já não tem mais respaldo pleno das bancadas no Congresso.

Fontes ouvidas nos partidos apontam que o desgaste foi se aprofundando com a percepção de que o governo federal prioriza alianças com o PT e partidos mais à esquerda, deixando União e PP em uma posição secundária nas decisões. Além disso, a aproximação do calendário eleitoral de 2026 e o avanço das articulações regionais aumentam a pressão por um rompimento com o Planalto, sobretudo em estados-chave como São Paulo, Minas Gerais e Goiás, onde esses partidos disputam diretamente espaço com o PT e aliados.

Outro fator crucial é a crescente aproximação das duas siglas com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mesmo inelegível, Bolsonaro continua sendo uma figura central na reorganização da direita, e União Brasil e PP não querem ficar fora desse movimento. Parlamentares dessas legendas enxergam na reaproximação com o bolsonarismo uma estratégia de sobrevivência e fortalecimento nas urnas — algo incompatível com a manutenção de uma aliança com Lula.

Dentro do Congresso, a mudança de postura já pode ser sentida: parlamentares do União Brasil e do PP têm votado contra o governo com mais frequência em pautas econômicas e conservadoras. A expectativa é que esse comportamento se intensifique nos próximos meses, à medida que o distanciamento se torne oficial.

Nos bastidores do Planalto, o clima é de cautela, mas há quem reconheça que a saída das duas siglas é uma questão de tempo. A estratégia do governo tem sido tentar segurar as pontes com os ministros e líderes mais alinhados, evitando uma ruptura abrupta que possa prejudicar votações cruciais no Congresso, como o novo arcabouço fiscal e projetos ligados ao PAC.

A previsão é que o desfecho dessa relação ocorra até outubro, após a definição das principais alianças municipais para 2026. Nesse cenário, Lula terá que recalibrar sua base e buscar novos aliados para garantir a governabilidade em um Congresso cada vez mais fragmentado e menos disposto ao diálogo com a esquerda.




Por Ataíde Barbosa/Foto: Divulgação

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