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Dra. Juciane Guimarães alerta: violência contra a mulher e amamentação exigem atenção urgente da sociedade


Durante entrevista ao programa Panorama de Notícias, na Simões Filho FM 87.9 na tarde desta quarta-feira (6), a enfermeira, mestra e doutora em Ciências da Saúde, Dra. Juciane Guimarães, compartilhou informações fundamentais sobre duas campanhas que marcam o mês de agosto: o Agosto Lilás, de combate à violência contra a mulher, e o Agosto Dourado, voltado à valorização do aleitamento materno.

Com vasta experiência acadêmica e prática, a profissional destacou dados, orientações e reflexões que envolvem diretamente a saúde física e emocional de mulheres e crianças.  A seguir, os principais pontos abordados por ela:

Violência contra a mulher: um problema real e urgente

Dra. Juciane foi enfática ao afirmar que a violência contra a mulher é uma tragédia silenciosa e recorrente, muitas vezes banalizada. Segundo ela, no Brasil, uma mulher é morta a cada 10 minutos, e os casos de feminicídio aumentaram cerca de 69% em 2024.

Ela alertou que não existe justificativa para nenhuma forma de violência, seja física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral. E reforçou: a culpa nunca é da vítima.

“É preciso dizer isso com todas as letras: a mulher não é culpada por ser violentada. A sociedade precisa parar de responsabilizar quem sofre”, destacou.

A doutora também explicou que muitas mulheres desejam sair de um relacionamento abusivo, mas enfrentam medo, vergonha ou dependência emocional e financeira. Ela ressaltou a importância da rede de apoio familiar e institucional, incentivando o uso do Disque 180, canal nacional de denúncia.

Outro ponto importante citado foi a Lei Maria da Penha, que garante medidas protetivas urgentes, como o afastamento do agressor. No entanto, ela observa que só afastar o agressor não resolve, se a mulher não tiver suporte psicológico, social e jurídico adequado.

Aleitamento materno: saúde, vínculo e proteção

Ao falar sobre o Agosto Dourado, Dra. Juciane expressou emoção. Ela descreveu o aleitamento como um ato de amor e proteção, essencial tanto para a saúde da criança quanto para o fortalecimento do vínculo com a mãe.

“Amamentar é muito mais do que nutrir. É criar laços, fortalecer a imunidade e garantir um início de vida mais saudável.”

Ela explicou que o leite materno deve ser oferecido em livre demanda — sempre que o bebê quiser — e que a mãe deve deixar o bebê esvaziar uma mama antes de oferecer a outra, pois a parte final da mamada é mais rica em gordura, responsável pela saciedade e ganho de peso.

Outro ponto importante foi a pega correta. Segundo a doutora, o bebê precisa abocanhar não só o mamilo, mas também boa parte da aréola, evitando dor, rachaduras e má sucção.

Em relação a doenças da mãe, como gripe, Covid ou dengue, Dra. Juciane foi clara: a amamentação deve continuar normalmente, já que o leite carrega anticorpos que protegem o bebê. No entanto, em casos como HIV, a amamentação é contraindicada, e a mãe deve seguir orientação médica.

Ela também destacou a importância dos bancos de leite humano, que coletam, analisam e distribuem leite doado para bebês prematuros ou internados. Todo o processo é seguro, com triagem da doadora e análise laboratorial do leite.

Até quando amamentar e como fazer o desmame

Sobre crianças que continuam mamando após os 2 anos, a doutora foi objetiva:

“Se a mãe e a criança quiserem manter a amamentação até os 4 anos, não há problema. Mas geralmente, após os 2 anos, o leite deixa de ser a principal fonte nutricional. A amamentação vira mais um momento de vínculo do que de necessidade fisiológica.”

Para o desmame, a orientação da especialista é que ocorra de forma gradual e amorosa, respeitando o tempo da criança e evitando métodos traumáticos ou abruptos.

Ela também falou sobre práticas populares, como usar colares de mamona ou aplicar substâncias azedas no seio para afastar a criança:

“Essas práticas fazem parte da cultura popular, mas é importante lembrar que existem formas mais saudáveis e seguras. O ideal é sempre buscar orientação profissional.”

Amamentação em público: o ideal e o possível

Dra. Juciane reconheceu que nem sempre é possível amamentar em um local adequado, mas reforçou que o importante é preservar o conforto e a higiene da mãe e do bebê. Quando possível, cobrir o seio ajuda a preservar a intimidade e protege contra contaminações do ambiente.

Compromisso com a saúde da mulher e da criança

Finalizando sua participação, Dra. Juciane reforçou o papel fundamental da sociedade, da família, da equipe de saúde e das instituições públicas no apoio às mulheres.

“Cuidar das mulheres é cuidar da vida. Seja para protegê-las da violência, seja para garantir apoio durante a amamentação. Ninguém cuida do outro sozinho. É preciso rede, empatia e compromisso.”




Por Ataíde Barbosa

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