Tarifa zero volta ao debate nacional e pode impactar Salvador
A discussão sobre a tarifa zero no transporte público urbano voltou à pauta do Governo Federal e pode trazer reflexos diretos para Salvador, cidade que hoje conta com uma frota de cerca de 3.300 ônibus e uma das tarifas mais altas do país: R$ 5,60, a quinta no ranking nacional.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende a proposta como alternativa para salvar um sistema em crise, marcado por tarifas crescentes, perda de passageiros e sucessivos pedidos de reajuste. A equipe econômica estuda cenários e modelos de financiamento que viabilizem a medida.
A ideia não é nova. Em 2012, o então ministro Fernando Haddad já havia sugerido um modelo custeado por subsídio cruzado, com a cobrança de um adicional sobre a gasolina. Mas, diante dos atuais preços dos combustíveis, especialistas apontam maiores dificuldades para a implementação.
Caminhos em análise
Entre as alternativas, está a adoção parcial da gratuidade, válida apenas em domingos e feriados, modelo que já funciona em São Paulo, Brasília, Belém e Vitória. Outra possibilidade seria direcionar o benefício para trabalhadores que dependem diariamente do transporte coletivo, reduzindo o peso no orçamento dessas famílias.
O plano, no entanto, depende de condições fiscais e políticas favoráveis. Caso avance, a expectativa do governo é iniciar a implementação em 2026.
Debate na Bahia
Na esfera estadual, o tema já chegou à Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). O deputado Hilton Coelho (PSOL) apresentou uma indicação para que a Prefeitura de Salvador realize estudos técnicos sobre a viabilidade da tarifa zero. O documento deve ser encaminhado pela mesa diretora ao prefeito Bruno Reis (União Brasil).
A proposta prevê a análise de custos, fontes de financiamento, integração entre ônibus, metrô, ascensores e transporte aquaviário, além dos impactos sociais e econômicos. O custo estimado gira em torno de R$ 1 bilhão por ano, valor que, segundo o parlamentar, pode ser absorvido com ajustes orçamentários e a criação de um Fundo Municipal de Mobilidade Urbana.
Hilton também defende alternativas inspiradas em experiências internacionais, como a instituição de uma taxa específica para financiar o transporte coletivo.
— “O atual sistema expulsa usuários, degrada o serviço e pune a população mais pobre”, afirmou o deputado.
Com tarifas cada vez mais altas e crescente pressão sobre o poder público, a tarifa zero se firma como um dos principais debates sobre mobilidade urbana para os próximos anos, tanto em Salvador quanto no cenário nacional.
Por Ataíde Barbosa/Foto: Bruno Concha/Secom PMS
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