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Sobe para 64 os profissionais infectados por covid-19 nas Obras Sociais Irmã Dulce

O número de profissionais de saúde infectados pelo novo coronavírus no Hospital Santo Antônio, que pertence às Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), subiu de 28 para 64, segundo dados divulgados pela própria unidade de saúde. Entre os pacientes, o total pulou de 27 para 30 casos confirmados, com duas mortes.

Apesar do aumento considerável, o porta-voz da administração não acredita que exista um surto da covid-19 nas Osid. “Esse número elevado se deve à forma como estamos testando. Tanto funcionários quanto pacientes, quando apresentam qualquer evidência de síndrome gripal, a gente testa. Não estamos esperando sinais mais graves, estamos tomando todos os cuidados de afastamento desde o teste, com a regulação para outra unidade, se for confirmado”, explicou o assessor corporativo das Osid, Sergio Lopes

Em entrevista ao CORREIO nesta quinta-feira (16), o assessor voltou a confirmar a veracidade de todas as informações apuradas e publicadas em reportagem na manhã desta quinta-feira. Destacou, contudo, a preocupação com a possível interpretação das informações - e dos novos números - como a confirmação de surto na unidade.

“A pandemia nos preocupa, sabemos que é algo que merece total atenção, temos pacientes com fragilidades e, por isso, temos essa preocupação extrema com o risco que é para todos nós. Esse quadro de pessoas adoecendo está acontecendo em todos os lugares. Percebemos um medo e eu acredito que é importante que ele seja traduzido em cuidados. Então, quando se fala em surto, pode parecer que aqui temos um ambiente hostil, onde não são tomadas todas as medidas necessárias, e isso não é verdade”, salientou. 

Ao total, foram testados 158 funcionários do Hospital Santo Antônio. Desses, além dos 64 diagnósticos confirmados, outros 64 foram descartados e 30 ainda aguardam resultados. No que diz respeito aos pacientes, foram realizados 111 testes, 30 confirmados, 45 descartados e 36 ainda em avaliação. 

Outra ressalva feita por Lopes diz respeito ao crescimento do número divulgado nas últimas 24 horas. “O laboratório que nós contratamos não devolveu resultados desde quinta-feira. Por conta do feriado de Semana Santa, só repassaram hoje (quinta, 16) novos números e, por isso, esse aumento de um dia pro outro. Mas estamos falando de um universo de quase 3 mil funcionários, e isso não desmerece todo o trabalho, todas as medidas que estamos tomando, inclusive no que diz respeito aos testes sendo feitos”, reafirmou.

Equipe
Além dos funcionários com diagnóstico e dos que ainda aguardam resultados, outros 189 membros da equipe foram afastados de suas funções, mesmo sem apresentarem qualquer tipo de sintoma. Essas pessoas estão sendo resguardadas por pertecerem a grupos de risco para a doença, como pessoas com mais de 60 anos e portadoras de doenças crônicas. Contudo, segundo as Osid, este afastamento não significa mais horas de trabalho para quem está na ativa.

“Realmente temos algumas baixas desses profissionais que estão afastados, doentes ou esperando resultados, mas fizemos remanejamento de profissionais de outras áreas, como do ambulatório, por exemplo, que está fechado. Tudo sempre com atenção aos treinamentos que têm sido uma constante. Essa ausência não se traduz 100% em sobrecarga para os que aqui estão, porque há remanejamento. Além disso, temos nossos processos de seleção, que estão sempre ativos”, esclareceu, reafirmando que todos os profissionais trabalham com todas as condições e equipamentos necessários. 

Após receber denúncias da contaminação de enfermeiros no hospital, o Sindicato de Enfermeiros da Bahia informou que vai fazer uma visita ao hospital para analisar a situação de trabalho e dar orientações quanto aos casos da enfermidade. De acordo com a presidente do sindicato, Lúcia Duque, também será solicitada a relação dos profissionais de enfermagem que testaram positivo para a doença para que eles possam dar entrada na Comunicação de Acidente de Trabalho.

“A gente acredita que um paciente que já estava internado apresentou a doença e o hospital não teve o devido cuidado de isolar o paciente e monitorar os demais pacientes e os profissionais que trabalham lá. Os hospitais, em especial os de grande porte, independe de ser de referência ou não precisam garantir a segurança dos profissionais e acamados. A Covid-19 não vai ficar concentrada apenas nos de referência, qualquer pessoa pode apresentar os sintomas e a transmissibilidade é muito grande”, afirmou Duque.

Quanto aos chamados Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), uma denúncia foi recebida contra o hospital pelo Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-Ba), alegando falta de material necessário para proteção dos profissionais.

“O Departamento de Fiscalização do Coren-BA está averiguando as informações e realizando os devidos encaminhamentos para a Procuradoria Geral. Essas denúncias serão protocoladas junto ao Ministério Público do Trabalho, uma vez que a falta de EPIs é uma demanda relacionada à segurança do trabalho”, disse em nota o órgão. 

Questionado sobre a denúncia, o assessor reconheceu que um profissional de enfermagem teria realizado o protocolo junto ao conselho. Contudo, Sérgio negou a falta de material. 

“Em nenhum momento tivemos falta de EPIs, o que ocorre é que estamos seguindo rigorosamente as recomendações de uso desses equipamentos dadas pelos órgãos competentes. O que acontece é que alguns profissionais estão com medo e querem usar desenfreadamente os equipamentos, numa quantidade maior e a gente tá controlando para justamente não faltar,. É bom que um órgão como o Coren venha investigar, para ver que não falta”, explica Lopes, que ressalta que, ao iniciar a jornada, cada profissional recebe kit com os EPIs necessários e suficientes ao tempo de trabalho.



*Correio da Bahia

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