Em 2022, Bahia teve quase 50 mil pedidos de bloqueio de celular
Com praticamente a vida toda guardada na memória do celular - fotos, vídeos, mensagens importantes, transações bancárias, etc - qualquer pessoa que tenha seu dispositivo roubado já entra em desespero, tanto pelo prejuízo material quanto por não saber o que será feito com seus dados. Durante o ano passado, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) recebeu 49.173 pedidos de bloqueio do aparelho na Bahia, que ocupou a liderança no Nordeste e a quarta colocação no ranking de solicitações em todo o país nesse sentido (o campeão em bloqueios foi São Paulo, com 455 mil). Considerando todos os Estados, a Anatel recebeu ao todo 930.765 interdições do IMEI (Identificação Internacional de Equipamento Móvel), 7% a mais do que os 864 mil bloqueios pedidos em 2021.
O IMEI funciona como uma espécie de CPF do celular, cujo número de série pode ser visto em sua caixa ou na nota fiscal. Caso a pessoa já não tenha nenhuma das duas, não há problema: ao digitar a sequência *#06# no teclado do telefone, aparecerá o IMEI na tela, bastando fazer um print (captura de tela, através de comandos que variam de acordo com o modelo do aparelho) e guardar num local seguro para ver depois. Vale frisar que a Secretaria de Segurança da Bahia (SSP) lançou em 2021 em acordo de cooperação técnica com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco o sistema Alerta Celular, plataforma que se vale justamente do cadastro do número IMEI para facilitar a busca e devolução de aparelhos roubados, furtados ou extraviados. Atualmente, mais de 30 mil baianos já cadastraram ao menos um dispositivo.
Apesar de o cadastro não ser uma garantia de ter o celular de volta, o bloqueio do aparelho já é um ponto de partida para tornar o aparelho menos atrativo para o criminoso, já que não será possível fazer ligações, enviar mensagens ou usar os dados móveis. Entretanto, é preciso também bloquear o chip na operadora de preferência: especialistas em tecnologia salientam que o acionamento do IMEI junto à Anatel por si só não impede totalmente o uso do celular, uma vez que ainda é possível usar o wi-fi e ter acesso a aplicativos com informações sensíveis, como bancos e outros serviços financeiros. Com o bloqueio do chip telefônico, o ladrão não conseguirá praticar golpes usando o WhatsApp, como pedidos de dinheiro em nome da pessoa dona do número ou vagas falsas de trabalho.

Procedimento visa dificultar venda ou repasse de aparelhos furtados ou roubados | Foto: Romildo de Jesus
Mais do que isso, a vítima de assalto pode e deve registrar um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima, tendo em mãos o IMEI. Isso porque caso não haja loja da operadora de telefonia nas proximidades, há possibilidade de fazer o bloqueio diretamente no órgão de segurança. Assim, o celular entra para o Cadastro Nacional de Estações Móveis Impedidas (CEMI), que tem como intuito interceptar o funcionamento dos dispositivos frutos de furto ou roubo. De acordo com a Anatel, o funcionamento do sistema é uma importante iniciativa no combate ao roubo de terminais móveis. Não apenas as pessoas físicas devem procurar o bloqueio: esse cadastro também pode ser utilizado por comerciantes, distribuidores ou fabricantes de celulares, que podem impedir o aproveitamento da carga roubada, a exemplo do caso visto em Salvador no último dia 20 de janeiro, quando quinze aparelhos foram levados de uma loja no Edifício Capemi. A Polícia Civil ainda está em busca da dupla suspeita do delito.
Celular roubado, o que fazer?
Ter o IMEI em mãos e prestar queixa na delegacia são fundamentais para lidar com o prejuízo. Todavia, com tudo ao alcance dos dedos, é bom lembrar também de apagar os dados do celular de forma remota, quando possível. Se o celular for Android, o serviço do Google Encontre Meu Dispositivo pode ajudar, assim como a seção Minha Conta. Em dispositivos iOS, o consumidor poderá usar o iCloud ou, se tiver outro aparelho Apple, pode abrir o app Busca. O bloqueio do chip perdido pode ser feito pelo novo celular (ou o reserva, caso haja), ligando para o número da prestadora de sua preferência (1052 na Claro, 1058 na Vivo e 1056 na Tim). Nesse processo, deve-se ainda trocar todas as senhas dos aplicativos de costume que estejam salvas no celular roubado, para evitar que o ladrão use indevidamente os perfis e se crie um transtorno ainda maior.
*Tribuna da Bahia/Foto: Romildo de Jesus
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