Popularização da droga K9 preocupa autoridades e órgãos emitem alerta
A popularização cada vez maior da droga sintética chamada de K9, e a possibilidade da substância adentrar com intensidade o território baiano facilitando o seu consumo, tem causado temor em especialistas de diversas áreas no estado, inclusive da saúde pública, e servido como sinal de alerta para toda a população. Conhecida como supermaconha, ou maconha sintética, pode provocar intoxicação grave em que ocorrem alucinações, delírio, distonia, paranóia, agitação psicomotora, psicose, convulsões, hipertermia e rabdomiólise, podendo levar a overdoses e mortes.
A preocupação em torno da questão levou o Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia (Ciatox-BA), vinculado à Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), a emitir um comunicado após a terceira apreensão feita pelas Polícias Civil e Militar no estado este ano. No comunicado, o órgão pede a atenção redobrada dos profissionais da rede de saúde no estado para a entrada de pacientes com os graves sintomas provocados pela intoxicação de canabinoides sintéticos, popularmente conhecidos como “drogas K” “K2”, “K4”, “K9”, “selva” “cloud 9”, “spice” ou ainda, equivocadamente, como “maconha sintética”.
“Já tivemos dois registros em Salvador, envolvendo esse tipo de droga, um em janeiro, e outro em fevereiro, de atendimentos em hospital. Mas com essa terceira apreensão, isso é muito preocupante porque essa droga tem uma elevada toxicidade. São mais de cem substâncias altamente tóxica, de 10 a 100 vezes mais que os princípios ativos da maconha”, destaca o diretor do Centro, Jucelino Nery, à Tribuna da Bahia.
Há, ainda, uma crescente preocupação com o consumo da droga sintética entre os usuários de alto risco, como grupos marginalizados, vulneráveis ou socialmente desfavorecidos. Jucelino Nery disse ser fundamental que os profissionais notifiquem os casos de intoxicação no Sistema de Informação de Agravo de Notificação para subsidiar ações da rede pública e dos poderes públicos. “A intoxicação deve ser conduzida da mesma forma e a notificação é importante para subsidiar ações da rede pública, dos poderes públicos, além de políticas públicas para lidar com essa situação”, afirma.
Segundo o diretor, a inquietação em torno do assunto não é à toa e se trata de uma medida cautelar. A facilidade com que a droga pode adentrar diversos territórios torna o crescimento de seu consumo na Bahia uma ameaça real e próxima: a substância, que é líquida, pode ser borrifada em qualquer material para em seguida ser tragado, a exemplo de papel, cartolina, cigarros e até ‘matos’ e fumos normais.
Apreensões – Duas das apreensões ocorreram nos dias 28 e 25 de maio. No último domingo (28), a Polícia Civil e a Polícia Militar descobriram um esquema de envio da droga k9 e armas para integrantes de uma facção do Nordeste de Amaralina. A descoberta foi feita pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e pela Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Litoral Norte quando realizavam ações para capturar autores da morte do soldado Gleidson Santos de Carvalho.
Durante as investigações, eles detectaram a chegada de armas e drogas para o bairro de Salvador através da BR 116.
De acordo com a Polícia Civil, campanas foram montadas na região de Santo Estevão. Durante abordagem a um ônibus que saiu de São Paulo, as equipes encontraram cinco quilos da droga K9 e de maconha, além de um revólver calibre 38 no bagageiro do veículo.
Já a apreensão ocorrida no dia 24 de maio, a polícia apreendeu mais de trezentas porções de maconha, dentre elas a droga sintética, no bairro Cohab, no município de Cidade Nova. O material apreendido
O diretor do Centro de Informação e de Assistência Toxicológica da Bahia, vinculado à Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), Jucelino Nery, lembra que a maconha é uma planta, a Cannabis ativa.
“Já o K9 são substâncias produzidas em laboratório que não tem relação alguma com a maconha, mas são chamados de canabinóides porque atuam nos mesmos receptores do organismo que os princípios ativos da maconha, que é o THC e o canabidiol, só que em intensidade até cem vezes maior”, esclarece.
Jucelino Nery explica, ainda, ser essencial que os profissionais de saúde, e a população em geral, entendam que o termo supermaconha ou maconha sintética não deve ser disseminado. “Do ponto de vista científico, não deve ser utilizada, pois pode trazer uma falsa sensação de segurança para os usuários de canabinóides sintéticos”, acrescenta o comunicado do CIatox-BA.
*Tribuna da Bahia/Foto: Reprodução/Internacional Police Association
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