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Após nove meses de alta, alimentos recuam e ajudam a conter inflação em junho


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no Brasil, registrou uma leve desaceleração em junho de 2025, com alta de 0,24%, abaixo do resultado de maio, que havia sido de 0,26%. A redução foi divulgada nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e teve como principal responsável a deflação no grupo Alimentação e Bebidas, que apresentou variação negativa de 0,18% — um contraste significativo em relação à alta de 0,17% observada no mês anterior.

A queda nos preços dos alimentos consumidos no domicílio foi determinante para esse movimento. Produtos como o ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%) contribuíram diretamente para a retração. Essa é a primeira queda no grupo após nove meses consecutivos de altas. Por outro lado, itens como o tomate (3,25%) apresentaram elevação.

Entre os nove grupos analisados, quatro mantiveram relativa estabilidade (Educação, Saúde, Artigos de residência e Comunicação), enquanto o grupo de Transportes voltou a subir, com variação positiva de 0,27% após uma queda de 0,37% em maio. A elevação foi puxada, principalmente, pelos serviços de transporte por aplicativo, que dispararam 13,77%, e pelo conserto de automóveis (1,03%). A queda dos combustíveis (-0,42%) não foi suficiente para conter o avanço do grupo.

O grupo Habitação também teve variação positiva, embora menor do que no mês anterior, passando de 1,19% em maio para 0,99% em junho. O maior impacto dentro do grupo veio da energia elétrica residencial, que subiu 2,96% em razão da aplicação da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. A energia elétrica, inclusive, acumula alta de 6,93% no ano, o maior crescimento para o primeiro semestre desde 2018, quando foi registrado 8,02%.

No segmento de Vestuário, a inflação foi de 0,75%, influenciada principalmente pelas roupas masculinas (1,03%) e calçados (0,92%). A alimentação fora do domicílio também teve variação positiva (0,46%), mas desacelerou em relação a maio (0,58%), com destaque para a refeição (0,41%) e lanches (0,58%).

Regionalmente, Rio Branco liderou as altas com 0,64%, impactada pelo fim da promoção de meia-entrada em cinemas e pela alta de 3,99% na energia elétrica. Já Campo Grande apresentou a menor variação, com deflação de 0,08%, puxada pela queda nas frutas (-5,15%) e na gasolina (-1,38%).

No acumulado do ano, o IPCA soma 2,99%, com destaque para a energia elétrica como principal influência individual sobre o índice. O cenário de junho reforça um momento de alívio inflacionário moderado, em que a desaceleração dos preços dos alimentos e a estabilidade de alguns setores compensam parcialmente os reajustes de energia e transportes.




Por Ataíde Barbosa/Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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