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Ex-diretora de presídio na Bahia é acusada de corrupção, ligação com facção e relacionamento com detento


O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou a ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, de 33 anos, por envolvimento em uma série de crimes que abalaram o sistema penitenciário do estado. Segundo as investigações, a ex-gestora teria facilitado a fuga de 16 presos, mantido relacionamento íntimo com um detento ligado ao crime organizado e recebido dinheiro em troca de regalias concedidas dentro da unidade.

Joneuma, que chefiou o presídio por nove meses, foi presa em janeiro de 2025 e atualmente cumpre prisão preventiva no Conjunto Penal de Itabuna, onde permanece com o filho recém-nascido. Ela é uma das 18 pessoas denunciadas, incluindo seu ex-coordenador de segurança, Wellington Oliveira Sousa, apontado como seu aliado direto.

De acordo com o MP, a ex-diretora teria recebido cerca de R$ 1,5 milhão de uma facção criminosa para permitir uma série de benefícios a internos, como a entrada irregular de eletrodomésticos, roupas, visitas sem revista e outros privilégios — muitos deles direcionados a Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como “Dadá”, identificado como líder de um grupo criminoso com atuação na Bahia e no Rio de Janeiro.

Relatórios apontam que Joneuma e Dadá mantinham encontros frequentes em uma sala de videoconferência da unidade, com a porta propositalmente coberta para impedir a visibilidade. Depoimentos sugerem que o relacionamento entre ambos ultrapassou os limites institucionais, chegando à intimidade física. A defesa de Joneuma nega qualquer envolvimento amoroso ou ligação com facções criminosas.

A crise veio à tona após a fuga em massa de dezembro de 2024, quando 16 detentos escaparam do presídio. Apenas um foi recapturado — e acabou morrendo em confronto com a polícia. Um dos foragidos, Vagno Oliveira Batista, foi preso meses depois e confessou ter se escondido na favela da Rocinha, no Rio, ao lado de Dadá e outros fugitivos. Segundo ele, Joneuma também planejava fugir para o Rio de Janeiro para se encontrar com o líder criminoso.

A gravidade das denúncias aumentou quando surgiram relatos de que a esposa de Dadá acessava o presídio sem passar por inspeções de segurança, com autorização direta da ex-diretora. Esses fatos motivaram a abertura de um amplo inquérito, que contou com apoio da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia (Seap).

Em entrevista à imprensa, a irmã e advogada da ex-diretora, Jocelma Neres, afirmou que Joneuma é inocente e que está sendo vítima de um julgamento precipitado. A defesa contesta as acusações e solicitou a quebra do sigilo bancário da acusada como forma de provar sua inocência.

A Seap afirmou, em nota oficial, que repudia qualquer forma de privilégio concedido a internos e reforçou que colabora integralmente com as investigações. O caso segue em andamento e se tornou um dos mais emblemáticos envolvendo o sistema prisional baiano nos últimos anos.




Por Ataíde Barbosa/Foto: Reprodução

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