Novidades


 

General admite plano de assassinato de Lula, Alckmin e Moraes durante interrogatório no STF


Em um dos momentos mais graves da apuração sobre a tentativa de golpe de Estado investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o general da reserva do Exército, Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), admitiu nesta quinta-feira (24) ser o autor do plano intitulado “Punhal Verde e Amarelo” — que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

O militar confirmou a existência do documento durante seu interrogatório no STF e reconheceu que a ideia foi redigida, digitalizada e impressa. No entanto, tentou minimizar a gravidade do material, alegando que se tratava apenas de um "pensamento pessoal" que nunca teria sido compartilhado com terceiros. Apesar disso, a admissão representa um marco no inquérito que investiga o envolvimento de militares e civis em ações para subverter a ordem democrática.

Mário Fernandes faz parte do núcleo 2 do esquema, considerado um dos centros operacionais e estratégicos da trama golpista. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, esse grupo foi responsável por planejar medidas práticas para garantir o sucesso do golpe, inclusive com o uso irregular da estrutura da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Além de Fernandes, também integram esse núcleo:

Filipe Martins (ex-assessor internacional de Bolsonaro),

Marcelo Câmara (ex-assessor direto do ex-presidente),

Silvinei Vasques (ex-diretor da PRF),

Marília de Alencar e Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretários de segurança do DF).

Os interrogatórios desta quinta-feira também incluíram membros dos núcleos 3 e 4, compostos majoritariamente por militares da ativa e da reserva, muitos dos quais ocupavam cargos estratégicos ou atuaram diretamente nos bastidores da tentativa de ruptura institucional. Entre os nomes estão generais, coronéis e tenentes-coronéis do Exército e membros da Polícia Federal.

O núcleo 3, segundo os autos, articulava a mobilização de setores das Forças Armadas, enquanto o núcleo 4 tratava da sustentação discursiva e jurídica do golpe, inclusive com a produção de minutas inconstitucionais de decretos de Estado de Sítio e Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

O caso segue sob sigilo parcial, mas já é considerado uma das mais sérias ameaças à democracia brasileira desde a redemocratização. As investigações, conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, devem resultar em novas denúncias nos próximos meses.

A revelação da existência de um plano explícito de assassinato de autoridades da República eleva o grau de preocupação institucional e deve aprofundar o cerco aos principais articuladores do 8 de janeiro e da suposta conspiração golpista que se gestou no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro.




Por Ataíde Barbosa/Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nenhum comentário