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Bahia lidera número de trabalhadores expostos ao sol; especialistas alertam para riscos em meio ao Dezembro Laranja


A Bahia ocupa o primeiro lugar no ranking nacional de trabalhadores expostos ao sol, segundo um estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca) iniciado em 2019 e atualizado em 2025. De acordo com o levantamento, 34,2% das pessoas ocupadas no estado exercem funções diretamente relacionadas à radiação solar — um índice muito acima da média brasileira, de 23%.

Em Salvador, onde as temperaturas têm disparado mesmo antes do verão, a realidade pode ser observada diariamente na rotina de quem trabalha na orla. O ambulante José Silva, que passa horas caminhando na praia para vender seus produtos, admite que raramente utiliza protetor solar ou qualquer tipo de barreira física. Ele reconhece os riscos, mas diz que a necessidade de garantir o sustento acaba falando mais alto.

Câncer de pele preocupa e reforça alerta do Dezembro Laranja

A exposição constante tem preocupado especialistas, sobretudo neste Dezembro Laranja, campanha nacional de prevenção ao câncer de pele — o tipo mais comum no Brasil. Apenas entre janeiro e setembro deste ano, a Bahia registrou mais de 2.400 casos, conforme dados do DataSUS.

Dermatologistas apontam que trabalhadores que atuam sob o sol forte, frequentemente sem equipamentos de proteção, formam um dos principais grupos de risco para o desenvolvimento da doença. O problema tende a se agravar em períodos de calor extremo, como o que atinge o Nordeste.

Trabalhadores recorrem a proteção improvisada

Além dos ambulantes, outros profissionais que dependem da orla também enfrentam dificuldades para se proteger. Raimundo Nonato, que trabalha com transporte de equipamentos de praia, diz que passa grande parte do dia exposto à radiação solar e, sem condições de adquirir protetores adequados, recorre a alternativas improvisadas, como pedaços de tecido e sombrinhas adaptadas.

Para os especialistas, porém, medidas improvisadas não substituem o uso regular de protetor solar, roupas apropriadas, chapéus de aba larga e pausas periódicas à sombra.




Por Ataíde Barbosa/Foto: Marcelo Cabral / Agência Brasil

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