TRT mantém justa causa de trabalhadora demitida após gravar vídeo de reclamação no TikTok

Uma funcionária de uma exportadora em Juazeiro, no norte da Bahia, teve a demissão por justa causa mantida pela Justiça após gravar e publicar um vídeo no TikTok criticando a postura dos gerentes da empresa. A gravação, feita dentro do ambiente de trabalho e com a trabalhadora vestindo o uniforme corporativo, alcançou mais de 200 visualizações na plataforma.

Após a publicação, a empresa entregou à funcionária uma carta de suspensão disciplinar seguida do aviso de dispensa por falta grave. Inconformada, ela acionou o Judiciário trabalhista pedindo a anulação da demissão e uma indenização, alegando que a punição havia sido desproporcional. Segundo a defesa, o vídeo tinha três minutos, dos quais apenas 37 segundos mencionavam o trabalho, sem citar o nome da empresa ou de colegas.

Decisão do TRT aponta exposição indevida da empresa

A 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT-5) rejeitou o pedido da ex-funcionária e entendeu que a empresa agiu corretamente ao aplicar a justa causa. Para os magistrados, o vídeo expôs a empresa em uma rede social aberta, o que caracterizou quebra de confiança.

O colegiado destacou que a gravação ocorreu durante o expediente, com a trabalhadora no local de serviço e usando uniforme. O tribunal também registrou que não foi a primeira vez que ela gravou conteúdos dentro da empresa: outros vídeos publicados tratavam de assuntos aleatórios e foram feitos igualmente durante o horário de trabalho, o que, segundo a decisão, configurou mau procedimento.

Críticas viraram indisciplina, segundo o tribunal

O TRT considerou que a atitude da funcionária ultrapassou o limite do direito de expressão ao envolver o ambiente de trabalho, gerentes e possíveis conflitos internos, resultando em prejuízo à imagem da empresa. Por isso, a demissão por justa causa foi mantida, sem direito à reversão ou indenização.

Por Ataíde Barbosa/Foto: Solen Feyissa/Flickr