Novidades


 

Adolescente de 14 anos é apreendido após confessar morte de pais e irmão no RJ


Uma tragédia familiar ocorrida em Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro, vem chocando o país e desafiando as autoridades. Um adolescente de 14 anos foi apreendido após confessar o assassinato dos pais e do irmão de apenas três anos. Os corpos foram encontrados em estado de decomposição em uma cisterna nos fundos da casa da família, após dias de silêncio e contradições.

A investigação conduzida pela Polícia Civil aponta para possíveis motivações que misturam dinheiro, conflito familiar e frieza incomum para alguém tão jovem. De acordo com os investigadores, o adolescente pesquisou em seu celular “como receber FGTS de falecido”, levantando a hipótese de que o crime possa ter sido motivado pela tentativa de sacar R$ 33 mil pertencentes ao pai. No entanto, o menor alega que a busca foi feita apenas depois das mortes, numa tentativa de se sustentar, o que poderia indicar que o crime não foi premeditado com essa intenção.

Outro possível fator motivador seria um relacionamento virtual que o garoto mantinha com uma jovem de 15 anos residente no Mato Grosso. A família havia proibido que ele viajasse para conhecê-la, o que teria gerado atritos. Durante a perícia na casa, a polícia encontrou uma bolsa de viagem pronta, contendo os celulares das vítimas, o que reforça a ideia de que o jovem pretendia fugir após o crime.

O caso começou a ser investigado após a avó paterna do adolescente procurar a delegacia, preocupada com o sumiço da família, com quem não conseguia contato desde o sábado anterior. Confrontado, o garoto criou uma versão fantasiosa: disse que o irmão havia se machucado com vidro e que os pais o levaram ao hospital. Mas nenhuma entrada médica foi registrada, e a versão rapidamente desmoronou.

Peritos identificaram manchas de sangue no colchão do casal e roupas queimadas com vestígios biológicos. O forte odor de decomposição guiou os agentes até a cisterna, onde estavam os corpos. Pressionado pelas evidências, o adolescente acabou confessando o crime. Disse ter usado a arma do pai, um revólver guardado sob o colchão, para atirar nos pais enquanto dormiam, e no irmão, no pescoço, alegando que queria poupá-lo do sofrimento de crescer órfão.

O jovem revelou ainda que tomou um suplemento estimulante usado por atletas, conhecido como “pré-treino”, para se manter acordado e conseguir executar o plano. Depois das mortes, limpou o chão e arrastou os corpos até a cisterna, a poucos metros do quarto. O revólver foi posteriormente encontrado na casa da avó, que o teria recolhido por precaução, sem suspeitar do ocorrido.

Segundo o delegado Carlos Augusto Guimarães, responsável pelo caso, o comportamento do adolescente durante o depoimento foi extremamente frio e calculado. “Não demonstrou emoção, nem arrependimento. Quando perguntado se faria algo diferente, disse que faria tudo novamente. É um caso que sugere uma possível psicopatia, mas ainda precisa de avaliação clínica.”

A brutalidade do crime, somada à aparente falta de remorso, tem gerado discussões sobre a saúde mental do adolescente e o impacto de fatores como o isolamento social, relacionamentos online e acesso a armas dentro do ambiente familiar.

Agora, o menor está sob custódia, e o caso segue em investigação. Especialistas em psicologia forense foram acionados para avaliar o perfil psicológico do adolescente. Enquanto isso, a comunidade de Itaperuna tenta lidar com o luto coletivo e a perplexidade diante de uma violência que veio de dentro da própria família.




Por Ataíde Barbosa/Foto: Reprodução

Nenhum comentário